Bolsonaro é o “agente da morte”, diz Míriam Leitão ao concordar que há um “genocídio”

“Diariamente ele maquina o mal; quanto fel ele ainda terá que destilar?; nada podemos esperar de quem empurrou o país para este momento”, escreve a colunista sobre o presidente para quem é “pessoa de extrema perversidade”

“Genocídio. Por que a palavra ficou tão presente na vida brasileira?”, indaga a colunista do jornal O Globo em matéria publicada neste domingo (21). E ela mesma dá a resposta: “Porque ela é usada quando um povo está morrendo. Nós estamos morrendo. Todas as outras palavras parecem pálidas. Prisioneiros de uma armadilha institucional e trágica, os brasileiros morrem diariamente aos milhares”.

Após explanar sobre o ponto que o país chegou, com a falta de medicamentos, Leitão volta a dizer que “nós não estamos apenas morrendo. Caminhamos para morrer em maior número e de maneira mais cruel. Que nome deve ser usado? Genocídio”.

“A palavra [genocídio] habita nossas mentes porque estamos vendo os fatos, temos consciência do destino. Objetivamente, é a única que temos para descrever os eventos deste tempo”, afirma no texto.

“Quem se ofende com ela, se fosse pessoa com sentimentos humanos, teria reagido para evitar a tragédia”, escreve evitando o nome, mas referindo-se a Bolsonaro. E lamenta que toda a sociedade “nada pode esperar de quem empurrou o país para este momento de barbárie”.

Míriam Leitão diz que o brasileiro caiu numa “armadilha”: “não há remédio institucional fácil, e suficientemente rápido, para neutralizarmos o agente de nossa própria morte”, escreve novamente evitando o nome, mas referindo-se a Bolsonaro. “Não temos legítima defesa”.

“O que mais ele terá que fazer? Quantas mortes serão suficientes? Quanto fel ele ainda terá que destilar? Até quando os poderes da República vão acreditar que estão diante de um governo normal, com o qual se pode ter diálogo?”, pergunta. Uma dúvida não só sua, mas de todos os brasileiros indignados.

“Diariamente ele maquina o mal. (…) Ele não apenas se omite, ele age. Bolsonaro sabota a ação do aparato de Estado que o país construiu. O Ministério da Saúde”, atenta a jornalista antes de explicar seu método, conforme transcrito na íntegra a seguir até sua pontuação:

“O presidente é pessoa de extrema perversidade. Mas um perverso com método. Ele apostou, desde o início, que a melhor forma de se salvar é defender que a economia deve continuar funcionando. Calculou que a imunidade coletiva chegaria e nesse momento ele diria que estava certo desde o início.

Então a raiva da população ferida poderia ser dirigida contra os outros. Que outros? Todos. Governadores, prefeitos, ministros do Supremo, adversários políticos, jornalistas. Qual a variável de ajuste dessa equação? Os mortos. Podem ser quantos forem até que se atinja a imunidade coletiva que, na sua visão, viria da contaminação em massa.

Bolsonaro certa vez comparou o coronavírus à chuva. “Ela vai molhar 70% de vocês”. Bolsonaro está errado desde o início. A ciência nos ensina que diante deste vírus mutante e mortal a imunidade coletiva só virá com a vacinação em massa.

O presidente adotou conscientemente o caminho de nos levar para esta exposição máxima ao vírus porque desta forma se chegaria, na cabeça dele, ao fim da pandemia. O caminho está errado sob todos os pontos de vista: médico, científico, humano. Ele está nos levando para a morte. Qual é a palavra exata? Genocídio”.

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