Bolsonaristas enforcariam Moraes na Praça dos Três Poderes, revela o ministro do STF ao jornal ‘O Globo’

Todas as pessoas sobre as quais a Polícia Federal encontrar indícios serão investigadas, desde os executores até eventuais políticos, disse o relator das investigações sobre o plano de golpe de Estado, na estreia da série de entrevistas e reportagens do jornal sobre os ataques do ‘8 de Janeiro




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O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, revelou ao jornal ‘O Globo‘, em entrevista publicada nesta quinta-feira (4/1), que havia um plano para prendê-lo, matá-lo e enforcá-lo em praça pública, possivelmente na Praça dos Três Poderes – que abriga as sedes dos três poderes do Estado: o Palácio do Planalto (poder Executivo), o Congresso Nacional (poder Legislativo) e o Supremo Tribunal Federal (poder Judiciário).

Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio. E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes”, revelou Mores.

Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição. Houve uma tentativa de planejamento. Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão”, prosseguiu.

Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E nada disso ocorreu, então está tudo bem. Esses golpistas são extremamente corajosos virtualmente e muito covardes pessoalmente”, disse.

O diário de notícias está estreando série de entrevistas e reportagens sobre os ataques de manifestantes bolsonaristas golpistas terroristas em 8 de janeiro de 2023.

O relator das investigações sobre a atrevida investida detalha ao jornal os desdobramentos das apurações sobre o episódio e revela que a investigação desvendou três planos contra ele, que envolviam até homicídio: “Defendiam que eu deveria ser enforcado“, disse.

Moraes contou na entrevista que ficou “chocado” com “a inação da Polícia Militar“, haja vista que o magistrado também foi “secretário de Segurança Pública em São Paulo e ministro da Justiça“, conforme respondeu a uma pergunta do entrevistador.

Segundo Moraes, por conta de sua experiência, “não precisaria de cem homens do Batalhão de Choque para dispersar aquilo“.

Achei importante três decisões: as prisões do então secretário (Anderson Torres) e do comandante geral da Polícia Militar (Fábio Augusto Vieira), para evitar efeito dominó em outros estados (…) ao mesmo tempo, o afastamento do governador (Ibaneis Rocha), para evitar que pudesse ocorrer algo extremista (…) eventualmente outro governador apoiar movimento golpista. E a determinação de prisão em flagrante imediata de quem permanecesse em frente a quartéis pedindo golpe“, disse, demonstrando ser profundo conhecedor dos efeitos possíveis do acontecimento inédito no Brasil.

Para Moraes, “se tivéssemos deixado mais pessoas em frente a quartéis (no dia seguinte), poderia gerar mais violência, com mortes e distúrbios civis no país todo. Se não houvesse a demonstração clara e inequívoca de que o Supremo Tribunal Federal não iria admitir nenhum tipo de golpe, afastaria qualquer governador que aderisse e prenderia os comandantes de eventuais forças públicas que aderissem, poderíamos ter um efeito dominó que geraria caos no país“.

Foi um erro muito grande das autoridades deixar, durante o ano passado, aquelas pessoas permanecerem na frente dos quartéis. Isso é crime e agora não há mais dúvida disso. O Supremo Tribunal Federal recebeu mais de 1.200 denúncias contra quem estava acampado pedindo golpe militar, tortura e perseguição de adversários políticos“, opinou o ministro, com propriedade.

No dia do segundo turno, também tivemos um problema grave com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), objeto de inquérito, que inclusive gerou a prisão do ex-diretor (Silvinei Vasques). Houve a greve dos caminhões tentando parar o país. A violência estava numa crescente. No dia da diplomação, 12 de dezembro de 2022, houve prisões após a (tentativa de) invasão da Polícia Federal. Como na posse não houve nada, infelizmente as pessoas da área de segurança talvez tenham ficado mais otimistas“, concluiu, após fazer um balanço.

O grande erro doloso foi permitir a entrada (dos golpistas) na Esplanada dos Ministérios. O 8 de Janeiro foi o ápice do movimento: a tentativa final de se reverter o resultado legítimo das urnas“, garante.

Perguntado sobre “até onde a investigação vai chegar“, Moraes respondeu que “não há limite. Todos aqueles que tiverem a responsabilidade comprovada, após o devido processo legal, serão responsabilizados“. Inclusive, “já se chegou a alguns financiadores, divulgadores e instigadores“. E o ministro acrescentou que, “obviamente, é possível chegar aos organizadores, inclusive intelectuais“, disse. “Todas as pessoas sobre as quais a Polícia Federal encontrar indícios serão investigadas, desde os executores até eventuais políticos. Mas isso a investigação é que vai demonstrar“.

Então, chegam muitas ameaças, principalmente contra minhas filhas, porque até nisso eles são misóginos. Preferem ameaçar as meninas e sempre com mensagens de cunho sexual. É um povo doente“, disse.




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