Ninguém aguenta mais tantos imóveis. Desempregados do setor crescem em número a cada dia.
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Durante toda a especulação imobiliária covarde do último triênio, a renda familiar do povo brasileiro, que havia sido fortalecida no governo Lula, generalizadamente perdeu fôlego. O país parou de crescer. A inflação apontou na esquina e, ameaçadoramente, tem sido mantida a alguma distância através da elevação dos juros. Muita gente recorreu aos distratos depois que a ficha caiu. Hoje, há grandes estoques de imóveis pelo país afora, o que gera desemprego na construção civil – setor que encabeçará os índices para este ano. E o pior resultado de toda essa manobra financeira é o arrependimento de muitos que entraram nesse barco. Quero dizer que muitas famílias estão amargando seu destino, o que poderia ter sido evitado em um passado recente. Muitos compradores poderiam ter migrado para locais com padrões correspondentes à suas rendas, mas caíram na lábia do grande lobo especulador e não o fizeram.
E após a farra acabar (muitos ainda vivem na ilusão de que não há bolha) é só aguardar o mercadão de imóveis iniciar uma liquidação na sua cidade, porque seus engenheiros civis, mestres-de-obras e assim por diante, já estão brigando uns com os outros para se manterem, o que certamente causará uma grande mobilidade migratória em todo o setor, se quiserem sobreviver. Para que o leitor tenha uma ideia os bancos privados já abandonaram esse negócio de liberar financiamento para compra de imóveis temerosos pela combinação de uma bolha imobiliária com a economia descendente do país. E a Caixa Econômica Federal certamente não irá suprir o mercado na ausência dos outros bancos. A coisa irá mesmo se complicar devido a falta de credibilidade da nossa economia em um nível internacional. E engrossando ainda mais o caldo deste desestímulo, além do aumento dos juros, há a fuga de dólares do Brasil e a redução do crescimento da China que trará prejuízos para as exportações. Isso não é pessimismo, mas sim realismo, visto que o governo omite a situação negativa de muitas construtoras de grande porte. Sem contar com os efeitos nefastos que a Operação Lava Jato trouxeram para a nossa economia. Enfim, a máfia dos imóveis, notadamente, só está ganhando tempo, uma vez que a distorção entre os preços dos imóveis anunciados e a renda das famílias é absurda. A derrocada nos preços dos imóveis será inevitável.
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