O ministro lembrou que “militares profissionais admirados e respeitadores da Constituição foram afastados‘ por Bolsonaro, sem citá-lo nominalmente
As Forças Armadas estão sendo orientadas para atacar o processo eleitoral, disse na manhã deste domingo (24/4) o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal, durante participação em seminário de uma universidade alemã.
Segundo o magistrado, o populismo autoritário cresce no Brasil. Barroso “relembrou episódios como o desfile de tanques na Esplanada nos Ministérios e os ataques do presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas“, diz matéria no Globo.
Existe uma tentativa de levar as Forças Armadas ao “varejo da política”, opinou o ministro.
“Desfile de tanques é um episódio com intenção intimidatória“, afirmou Barroso, conforme transcrição feita pelo jornal. “Ataques totalmente infundados e fraudulentos ao processo eleitoral. Desde 1996 não tem nenhum episódio de fraude“.
“Eleições totalmente limpas, seguras. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar”, prosseguiu.
“Gentilmente convidadas para participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo“, disse o ministro, lembrando que no ano passado, em meio à pressão de Bolsonaro, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que era presidido por Barroso, convidou representantes das três forças para participarem do processo de fiscalização das urnas.
“Um fenômeno que em alguma medida é preocupante, mas que até aqui não tem ocorrido, mas é preciso estar atento é o esforço de politização das Forças Armadas“, destacou.
“Esse é um risco real para a democracia e aqui gostaria de dizer que, eu que fui um crítico severo do regime militar, militante contra a ditadura, nesses 33 anos de democracia, se teve uma instituição de onde não veio noticia ruim foi as Forças Armadas. Gosto de trabalhar com fatos e de fazer justiça“, disse o ministro.
“Tenho a firme expectativa que as FFAA não se deixem seduzir por esse esforço de jogá-las nesse universo indesejável para as instituições de estado que é o universo da fogueira das paixões políticas”, prosseguiu em seu discurso.
“Até agora o profissionalismo e o respeito à Constituição tem prevalecido. Mas não se deve passar despercebido que militares profissionais e admirados e respeitadores da Constituição foram afastados, como o general Santos Cruz, general Maynard Santa Rosa, o próprio general Fernando Azevedo. Os três comandantes da Força todos foram afastados. Não é comum isso, nunca tinha acontecido“, lembra.
De acordo com o texto do jornal, Barroso evitou comentar sobre a graça de Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira e disse que não pode emitir opiniões sobre o tema antes do caso voltar ao STF.