Astronauta Marcos Pontes será ministro da Ciência do governo Bolsonaro
Primeiro astronauta do Brasil chegou a ser cotado a vice; Comunicação deve ser separada do ministério
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciou em sua conta do Twitter o astronauta Marcos Pontes como futuro ministro da Ciência e Tecnologia.
“Comunico que o Tenente-Coronel e Astronauta Marcos Pontes, engenheiro formado no ITA, será indicado para o Ministério da Ciência e Tecnologia. É o quarto Ministro confirmado!”, escreveu.
A decisão ocorre um dia após a primeira reunião de Bolsonaro com seu núcleo duro, no Rio, para discutir formação de governo.
Pelo desenho feito na conversa, a pasta deve ganhar nova formatação: Comunicação, hoje atrelada a Ciência e Tecnologia, deve ser separada e unida a Transportes e Infraestrutura.
Ficaria ainda sob os cuidados de Pontes parte do que hoje está com o MEC (Ministério da Educação), como ensino superior.
Em resposta a questionamentos da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e da ABC (Academia Brasileira de Ciências), Bolsonaro disse na semana passada que Pontes seria seu provável ministro e que a escolha foi feita por meritocracia, e não por “toma lá dá cá”.
Segundo a carta, o astronauta pediu que o governo fosse agressivo na estratégia de investimento na área e disse que países desenvolvidos investem até 3% do PIB em ciência, tecnologia e inovação (CTI) —hoje, o Brasil investe cerca de 1%. A meta de Bolsonaro é chegar ao final do mandato com o novo patamar.
Para o então candidato à Presidência, era preciso “garantir que os resultados práticos da tecnologia cheguem à população e no setor econômico, justificando os gastos públicos perante o povo (dono do dinheiro), e motivando o investimento privado.” Segundo o documento, devem ser fomentadas parcerias com outros ministérios, de combate à seca, de desenvolvimento de equipamentos de saúde para uso em áreas remotas e de saneamento.
O plano de governo divulgado por Bolsonaro não trazia detalhes das propostas para a ciência. Ele afirmava em seu programa que o modelo atual de pesquisa e desenvolvimento no Brasil está “totalmente esgotado”, e que a área não pode só depender de recursos públicos. Ele aposta no empreendedorismo como solução.
O texto afirma ainda que não há mais espaço para que a área seja “comandada de Brasília e dependente exclusivamente de recursos públicos” e enaltece empreendedorismo e o desenvolvimento científico em parceria com empresas.
Nas contas de Bolsonaro, a meta seria atingir algo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões de orçamento destinado à ciência até o fim do mandato. “Nós passamos por um momento muito difícil de crise no país, como todos sabem […] mas CT&I, no nosso ponto de vista, não é gasto, é investimento”, diz.
O orçamento aprovado para 2018 foi de R$ 4,6 bilhões.
Bolsonaro também havia proposto o descontingenciamento do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia, cujos recursos vêm sendo usados para fazer caixa para o governo federal. As receitas, bilionárias, são oriundas de incentivos fiscais, empréstimos, contribuições e doações de entidades públicas e privadas.
Com relação às universidades públicas, o presidente eleito defendeu durante a campanha que fossem criados meios legais e projetos para que os egressos possam colaborar com as instituições e com a sociedade. “Cada aluno ali formado tem um compromisso com o suor de milhões de brasileiros que pagaram impostos.”
Em seu programa, o candidato disse também que é preciso buscar parcerias com empresas privadas para transformar ideias em produtos, “Isso gera riqueza, desenvolvimento e bem-estar para todos”. “Os melhores pesquisadores seguem suas pesquisas em mestrados e doutorados, sempre próximos das empresas. O campo da ciência e do conhecimento nunca deve ser estéril”, afirma o texto.
Temas recorrentes nas falas do candidato, grafeno (uma das formas nas quais os átomos de carbono podem se organizar, com propriedades estruturais e de condução eletrônica favoráveis) e nióbio (metal que pode dar mais resistência a ligas como o aço) também estão no programa de governo apresentado.
O Brasil é o maior produtor mundial de nióbio e, por isso, o metal tem sido apontado como uma possível fonte de dividendos para o governo. No entanto, sua função pode ser desempenhada por outros materiais, como vanádio e titânio. Dessa forma, não adiantaria impor ao restante do mundo um preço muito mais alto do minério, que atualmente sai por cerca de R$ 170 o quilo — para fins de comparação, a tonelada de ferro sai por R$ 210. Na última década o país tem exportado entre 60 mil e 90 mil toneladas ao ano.
Já os estudos envolvendo grafeno também acontecem em regiões como EUA e Europa. O Brasil é um dos que mais rápido entrou na corrida, com trabalhos desenvolvidos por grupos como um ligado à Universidade Presbiteriana Mackenzie. O material, apesar das potencialidades, ainda não chegou aos produtos eletrônicos que usamos no dia a dia, mas é praticamente um consenso na área que isso vai acontecer em alguns anos.
QUEM É MARCOS PONTES
Nasceu em Bauru (SP). É tenente-coronel-aviador, piloto da Força Aérea Brasileira e engenheiro aeronáutico formado pelo ITA, com mestrado em engenharia de sistemas pela Naval Postgraduate School, em Monterrey, Califórnia.
Foi incorporado à classe de astronautas da Nasa em 1998. Em seu período como astronauta ativo da agência espacial americana, Pontes passou boa parte do tempo servindo não só como interface entre a Agência Espacial Brasileira e o programa da Estação Espacial Internacional mas também como representante da própria Nasa em outras partes do programa.
Passou sete anos (1998 a 2005) no Centro Espacial Lyndon Johnson da Nasa, em Houston, EUA, familiarizando-se com todos os detalhes de como se voar no complicado ônibus espacial.
Em 29 de março de 2006, decolou de uma base no Cazaquistão rumo à Estação Espacial Internacional, com Pavel Vinogradov, da Rússia, e Jeffrey Williams, dos Estados Unidos. Passou dez dias no espaço a um custo de US$ 10 milhões ao governo.
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