Luiz Carlos da Rocha enterra a faca no Jornalão, que neste domingo traz de volta o tema com muitos ‘blá-blá-blás‘ e pouca informação, mas o resultado visto é que “não ficou pedra sobre pedra” após o ‘movimento suspeito’: “Não se coloca gente na rua sem saber para quê, por quanto tempo e para onde ir“
“‘O Globo‘ volta ao tema das jornadas de 2013 que, até agora, tem muita opinião e pouca informação”, escreve, em seu perfil no ‘Twitter‘, Luiz Carlos da Rocha, em cuja ‘bio‘ na plataforma se descreve como ‘Advocatus Diaboli‘, ou ‘Advogado do Diabo‘.
As Jornadas de Junho foram uma série de mobilizações de massa ocorridas simultaneamente em mais de quinhentas cidades do Brasil, naquele ano.
O jornalão traz matéria neste domingo (4/6), endossada pelos jornalistas Jan Niklas e Marlen Couto, que argumentam no título, sobre a “jornada que atravessou uma década: protestos de Junho de 2013 marcaram a política e ainda são um enigma de interpretações diversas“:
“Dez anos depois, as Jornadas de Junho de 2013 seguem como um enigma que desafia intelectuais. A disputa por seus sentidos continua. Os atos são encarados como uma encruzilhada de forças políticas, da esquerda à extrema direita, que impulsionaram crises e diversos desdobramentos“, escreveram os jornalistas no texto da publicação.
Rocha faz breve resumo do conteúdo: “Atribui-se ao evento o surgimento da nova direita e da polarização“, mas questiona: “Será?“, para especular em seguida: “Se é assim, porque a disputa de 2014 foi entre Dilma e Aécio? Onde estava a nova direita?“.
Comumente, a mídia em geral atribui o evento como sendo uma primeira insurreição ou levante popular de proporções realmente nacionais no país, mas o mestre em Direito, sócio da França da Rocha Advocacia e ex-Procurador Geral da SJP-PR, é categórico:
“Como respostas só se ouvem palpites, chutes e blá, blá, blá“, prossegue o ‘Advogado do Diabo‘. “A única coisa que se sabe mesmo das jornadas de 2013 é que elas contrariaram uma lição básica do matuto político: não se coloca gente na rua sem saber para quê, por quanto tempo e para onde ir“, diz, espetando ‘O Globo‘ com a ponta da faca, para, em seguida, enterrá-la profundamente:
“Há elementos que atuaram e, na minha opinião, merecem atenção: a sistemática desmoralização da política na grande mídia que foi instituída como método desde o fim da ditadura (são horas, horas e horas de JN e seus similares de discurso antipolítica)“.
Além deste elemento, Rocha também aponta “o comportamento cretino de Aécio na derrota de 2014, arrastando o PSDB para uma oposição sistemática, cujo cume foi a eleição de Cunha e o impeachment, atos que deram grande energia ao discurso da desmoralização da política“.
“Por fim“, como um dos principais elementos sugeridos, o ‘Advogado do Diabo‘ aponta “a Lava Jato” como a operação que “elevou a desmoralização da política a níveis nunca antes vistos, dando à mídias uma oportunidade ímpar de promover um grande ataque, irresponsável e definitivo ao “sistema” e não ficou pedra sobre pedra“.
“Abriu-se a porta do inferno e, como é óbvio, não saíram anjos de lá“, pontua.
“O resto é com os cientistas. A reconstrução não será fácil“.