‘Acho que Temer está encontrando um jeito de ser candidato’, diz Lula a rádio

Para petista, presidente quer conseguir atrair eleitores do deputado Jair Bolsonaro

SÃO PAULO — O ex-presidente Lula acredita que o decreto de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro é um sinal de que o presidente Michel Temer quer se candidatar à reeleição e está fazendo uma movimentação para angariar votos de simpatizantes do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

— Acho que o Temer está encontrando um jeito de ser candidato a presidente da República. E eu acredito que ele achou que a segurança pública pode ser uma coisa muito importante para pegar um nicho de eleitores do Bolsonaro — disse em entrevista à “Rádio Itatiaia“.

Mesmo admitindo a impossibilidade de ser contrário a uma medida emergencial em relação ao crescimento da violência no estado fluminense, Lula indicou que o decreto de Michel Temer tem mais de cálculo político do que estratégia séria para solucionar a área de segurança pública.

Para Lula, a cúpula do Palácio do Planalto, após perceber que não poderia aprovar a Reforma da Previdência em razão da rejeição encontrada tanto na Câmara dos Deputados como entre a população, resolveu mudar a agenda, de um tema negativo, a mudança nas aposentadorias, para outro positivo, a intervenção federal.

— O que eles pensaram? Vamos criar outro espetáculo, e criaram passando para a sociedade que agora vão acabar os problemas. Mas não vão acabar — disse.

Lula citou outras experiências fracassadas no estado que foram bem recebidas inicialmente mas não tiveram efeitos duradouros, como a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora em favelas e a ocupação do Complexo da Maré em 2015. O ex-presidente ainda indicou que o Exército não é preparado para enfrentar o narcotráfico e que colocar oficiais das Forças Armadas para combater a violência urbana pode levar a resultados negativos, como a corrupção entre os oficiais da corporação.

Ao falar sobre uma possível candidatura de Temer, o petista também aproveitou para fazer uma análise do cenário eleitoral. Citando pesquisas de opinião, Lula afirmou que, caso seja candidato, ou ganharia no primeiro turno, ou seria presença certa no segundo. Sem sua presença na eleição, no entanto, Lula usou uma metáfora para explicar o equilíbrio entre os candidatos. Para ele, sua inelegibilidade é uma estratégia de seus adversários e da elite para deixar as duas vagas do segundo turno em aberto.

— Todo mundo é um caminhão de melancia. Um tem cinco, outro tem seis, outro tem sete. Está todo mundo igual, então todo mundo acha que tem chance — disse Lula para explicar seu pensamento sobre Temer: — Então eu acho que o Temer está fazendo uma aposta. Ele tirou da pauta uma coisa que a sociedade era contra e colocou outra que a sociedade é favorável.

“NÃO EXISTE ESSA DE MDB NUNCA MAIS”

O ex-presidente Lula se negou a se comprometer não fazer acordos com o MDB nas eleições de 2018. O partido foi o principal beneficiado com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, considerado pelo PT um golpe parlamentar.

No entanto, o ex-presidente afirmou que o partido irá fazer acordos com o partido no estado, citando Minas Gerais como exemplo. O PT também negocia possíveis alianças com o partido em estados como o Ceará, liderado pelo presidente do Senado Eunício Oliveira, e em Alagoas, terra natal do senador Renan Calheiros.

— Não existe essa de PMDB nunca mais. Como o (Fernando) Pimental vai trabalhar sem o MDB em Minas Gerais? — disse.

Para Lula, quem quiser ser “principista” não pode fazer política.

— Eu quero ganhar aas eleições para melhorar a vida do povo brasileiro. Então tenho que construir uma aliança política que me permita fazer isso. Senão, serei o melhor candidato do mundo e não ganharei as eleições.

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URBS MAGNA via O GLOBO

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