A Internet brasileira de Dilma

No mês passado o Gizmodo, um blog pertencente ao Washington Post, publicou uma matéria onde afirma que a presidente do Brasil Dilma Roussef quer fundar a internet nacional isolando-a dos EUA quando, para isso, o país teria que construir uma extensão de fibra óptica submarina até a Europa, evitando o território do Tio Sam, e criando-se até mesmo um endereço de e-mail dos Correios como alternativa emergencial à suspensão do Yahoo e G-mail. A partir daí, imediatamente, o país inteiro iniciou uma sequencia de comentários contrários e também favoráveis sobre esta medida que se inspirou nas desagradáveis revelações de Edward Snowden sobre a espionagem da NSA, CIA e FBI incidente na nossa promissora Petrobrás. E nessa manifestação oportuna a expressão livre, objetiva e cheia de sensibilidade, mas nem por isso tão substanciosa assim, revelou que grande parcela dos nossos compatriotas caprichou na provisão percentual de uma desordenada ingenuidade permitida – o que faz e sempre fez a festa da politicada nacional que sempre consegue nos situar às margens de nosso tão amado Brasil.

Em alguns textos liam-se coisas como “nossos governantes já perderam o controle da economia nacional há muito tempo e estão jogando o lixo para baixo do tapete” e que “a ANATEL já desconversou diversas vezes sobre melhorias em comunicação, com certeza em agrado a lobistas estrangeiros”. Outra observação fazia alusão à existência de “uma 3ª guerra mundial, só que virtual. A China ataca os EUA, que atacam a Rússia, Irã e por aí vai”. Também, me chamou a atenção um comentário em uma conceituada revista eletrônica que dizia que os EUA não gostariam de perder tráfego de dados. Que eles estão quebrados e buscam solucionar uma crise interna, ao passo que aqui nunca se conseguiu realizar a infraestrutura necessária para integralizar a nação desde o norte até o sul do Brasil. E para não alongar demais este texto, alguns extremistas deste debate acreditam que toda essa situação é mais do que uma oportunidade para “controlar a internet Brasileira” e que “daqui a pouco não vamos poder nem mesmo acessar o twitter.”

O fato é que o Brasil não possui um satélite sequer que seja de propriedade nacional. São todos locados. A previsão é que iremos atingir uma independência no setor apenas após 2020, quando está previsto o lançamento do primeiro satélite inteiramente com tecnologia brasileira. Como poderemos alcançar uma soberania interna satisfatória nos setores da comunicação via internet se sempre estivemos carentes de investimentos suficientes para uma autonomia segura? Esta idéia de independência é maravilhosa, lógico, mas requer toda uma preparação, mesmo de áreas indiretas para dar suporte eficiente. Não queremos viver mais no sonho e recentemente o Brasil inteiro tem dito isso nas ruas de todas as nossas principais capitais. “A impressão que dá é que estão tentando nos enganar o tempo todo” afirma uma outra nota. “Falar é fácil mas difícil é fazer.”

 

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