FOTO: O jornalista do The Guardian, Dom Phillips, em 19/7/2019, com o presidente da República, Jair Bolsonaro, durante café da manhã com Jornalistas | Marcos Corrêa / PR
O jornalista inglês esteve com o presidente em 2019 e perguntou sobre a devastação da floresta
Um vídeo que voltou a circular nas redes sociais mostra o colaborador do jornal inglês The Guardian, Dom Phillips, que foi assassinado juntamente com o indigenista brasileiro Bruno Pereira, questionanto o presidente Jair Bolsonaro, durante um almoço com participação da equipe de governo, sobre a devastação da Amazônia.
“Novos números do desmatamento estão mostrando um crescimento assustador“, diz o jornalista inglês, ao iniciar seu questionamento ao presidente. Na sequência, Dom Phillips argumenta sobre alguns dados sobre o assunto e pergunta:
“Como o senhor, presidente, pretende mostrar, convencer o mundo, de que realmente o governo tem uma preocupação séria com a preservação da Amazônia?”, perguntou.
“Primeiro vocês têm que entender que a amazônia é do Brasil, não é de vocês“, respondeu Bolsonaro, demonstrando irritação. “A primeira resposta é essa daí, certo?“.
“Se toda essa devastação, que vocês nos acusam, que estamos fazendo, já foi feita no passado, a Amazônia já teria sido extinta“, disse o presidente em outro trecho.
Veja abaixo e leia mais a seguir:
De acordo com o portal Amazônia Real, a esposa do jornalista, Alessandra Sampaio, disse que ele “se preparou minuciosamente para a viagem ao Vale do Javari, como sempre fez em todas as jornadas. Isso incluía planejamento, leituras prévias dos locais que visitaria e contatos antecipados:
“Não teve aventura nenhuma, foi tudo bem planejado”, afirmou Alessandra.
Na companhia do indigenista Bruno Pereira, 41 anos, também assassinado, ele buscava histórias para o livro que está escrevendo com possíveis soluções para uma Amazônia sustentável, em que os povos indígenas e ribeirinhos são protagonistas.
Uma dessas histórias é o trabalho desenvolvido pelos indígenas da UNIJAVA (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), no monitoramento do território para denunciar invasores.
Dom morava com a esposa em Salvador desde 2021, para onde foram em busca de uma vida mais amena e segura, longe do Rio de Janeiro, após o jornalista ter sido contemplado com uma bolsa da Fundação Alicia Patterson para produzir o livro Como Salvar a Amazônia, que o colaborador do The Guardian deixou incompleto, com quatro capítulos escritos em inglês e deveria ser finalizado até o final do ano.
Alessandra diz que sempre foi praxe ele lhe contar o passo-a-passo, desde com quem iria encontrar e quando isso aconteceria até informar números de telefones de pessoas que estariam com ele caso precisassem se comunicar.
“Ele se programava, conversava com as pessoas, estudava a região, lia muito para entender se era uma região de conflito, conversou com o Bruno antes e ambos traçaram um planejamento. Ele também sempre mandava notícias para mim. Avisava que o avião tinha pousado, contava até que estava tomando um café no aeroporto“, relatou ao portal.