R$ 28,6 milhões em transações suspeitas em mais de 6 anos; bolsonaristas são alvo de operação que revela movimentações duvidosas que podem mudar o jogo político no Brasil
Brasília, 19 de dezembro 2025
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta sexta-feira (19/dez) a quebra de sigilo bancário dos deputados federais Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ), alvos de uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga supostos desvios de cotas parlamentares.
A medida, que abrange movimentações financeiras de maio de 2017 a dezembro de 2024, surge em meio a indícios de um esquema que teria beneficiado os parlamentares diretamente, com transações suspeitas totalizando R$ 28,6 milhões, conforme relatório parcial da PF divulgado hoje.
A operação, batizada de algo que remete a irregularidades em verbas públicas, incluiu mandados de busca e apreensão nos gabinetes e residências dos deputados em Brasília e no Rio de Janeiro.
Durante as buscas na casa de Sóstenes Cavalcante, agentes encontraram R$ 430 mil em espécie, um detalhe exclusivo revelado por fontes próximas à investigação e que intensifica as suspeitas de lavagem de dinheiro ou pagamentos não declarados.
Já Carlos Jordy, conhecido por sua postura oposicionista ao governo atual, viu seus bens e mensagens acessados, ampliando o escopo para além das finanças.
“As medidas foram determinadas pelo ministro Flávio Dino no âmbito da Petição (PET) 14918, que apura indícios de crimes como peculato“, detalhou o site oficial do STF em comunicado oficial.
Os deputados, ambos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, negam irregularidades, mas a decisão de Dino destaca depoimentos de assessores que apontam para pagamentos “por fora” e uso de laranjas para desviar recursos da Câmara dos Deputados.
Um assessor do PL confessou em interrogatório que Sóstenes realizava transações não oficiais, um elemento único reportado pelo portal Metrópoles, que teve acesso a trechos do inquérito.
Em reação imediata nas redes sociais, Sóstenes Cavalcante postou no X (antigo Twitter):
“Agora ficou impossível fingir. A PF prende, afasta, apreende e revela um esquema bilionário de roubos contra aposentados, enquanto o governo Lula assistiu inerte, omisso e cúmplice pelo silêncio”, desviando o foco para outro caso, como os bolsonaristas sempre fazem, sem abordar diretamente as acusações contra si.
A quebra de sigilo não é novidade no histórico de investigações contra bolsonaristas. Em junho de 2020, o ministro Alexandre de Moraes, também do STF, determinou a quebra de sigilos bancários de 11 parlamentares aliados de Bolsonaro, incluindo nomes como Bia Kicis e Daniel Silveira, no inquérito dos atos antidemocráticos que investigava financiamento de protestos contra instituições democráticas.
Essa ação, reportada em detalhes pelo g1, visava mapear fluxos financeiros que poderiam sustentar movimentos golpistas, e resultou em prisões e cassações subsequentes.
Embora o caso atual foque em peculato, ele ecoa esse padrão de escrutínio sobre o uso de recursos públicos por opositores ao regime democrático.
Mais recentemente, o escândalo da “Abin Paralela” – um esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro – adiciona camadas ao contexto.
Em junho de 2025, a PF divulgou relatórios indicando monitoramento clandestino de figuras como o próprio Moraes, Jean Wyllys e Rodrigo Maia, com indícios de quebra irregular de sigilos para fins políticos.
O documento final indiou mais de 30 pessoas, incluindo Bolsonaro e seu filho Carlos, destacando como ferramentas estatais foram usadas para perseguir adversários.
Essa rede de investigações, que inclui ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, reforça o ambiente de accountability sobre aliados do bolsonarismo, sem que o atual caso repita elementos de espionagem, mas compartilhando o foco em abusos de poder.
Enquanto a PF avança, com acesso a mensagens e bens dos deputados, o STF retirou o sigilo da decisão para transparência, como enfatizado por Dino: “… de todos os bens, direitos e valores mantidos em instituições financeiras pelos investigados”.
Analistas políticos preveem impactos no PL, maior partido de oposição, podendo levar a cassações de mandatos se comprovados os desvios.
A sociedade acompanha de perto, em um momento em que a luta contra a corrupção ganha novo fôlego no Brasil.

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