Et Urbs Magna, 16 de setembro de 2018, 00:10 GMT
Em eleição polarizada, rejeição passa a contar tanto quanto apoio
Os eleitores, portanto, vão perceber, já na próxima semana, que a eleição ficará entre Bolsonaro e Haddad. A rejeição, que importou pouco até agora, joga um papel decisivo e, neste aspecto, Haddad leva muita vantagem.
Do Tijolaço – Escrevi aqui, ontem cedo, que os resultados da pesquisa Datafolha e qualquer resultado não-desastroso da fuzilaria do Jornal Nacional, naquilo que cinicamente chamam de “entrevista” levariam a um novo quadro eleitoral e hoje isto está claro.
As únicas campanhas que não vão mudar são, justamente, a dos dois líderes, neste momento, das intenções de votos: a de Jair Bolsonaro e a de Fernando Haddad, de quem, um dia e meio depois de colhidas as entrevistas do Datafolha ( aplicadas dias 13 e 14) e considerado o ritmo de 1% ao dia de crescimento está à frente de Ciro Gomes numericamente.
As demais mudam e drasticamente.
Ciro, diz a Folha, prioriza redutos petistas para tentar estancar crescimento de Haddad. Marina Silva deverá provocar a mídia com declarações estridentes, a única coisa que sua campanha parece conseguir produzir, sem muita repercussão. Já sentiu que não consegue reter o eleitorado mais pobre – caiu de 19 para 11% entre os eleitores com renda de até 2 salários mínimos, nas três últimas pesquisas Datafolha – e não tem nenhuma bandeira senão a do ressentimento.
Geraldo Alckmin está perdido. Resolveu atacar em todas as direções com a bandeira de um “voto útil da direita”, algo inverossímil para quem ocupa a quarta posição, com quase três vezes menos que Bolsonaro. Argumentar com resultados de 2° turno, a esta altura, é um discurso patético para quem há meses afirma que vai “subir nas pesquisas” sempre repetindo vexames.
Os eleitores, portanto, vão perceber, já na próxima semana, que a eleição ficará entre Bolsonaro e Haddad. A rejeição, que importou pouco até agora, joga um papel decisivo e, neste aspecto, Haddad leva muita vantagem.
O candidato petista, que não capturou nem a metade dos votos dos que se declaram simpatizantes do PT (39%,segundo o Datafolha) ainda tem a vantagem de ter 26% de rejeição, contra 44% do ex-capitão, este no auge da comoção causada pela agressão a faca que sofreu.
Surgir claramente destacado na próxima pesquisa de intenção de voto, como parece ser provável, será a maior peça de propaganda de Fernando Haddad, além de Lula.
Não há quem esteja mais perto de ser o “voto útil” contra Bolsonaro do que ele.