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“Moro é mais que suspeito”, diz Haddad

Ex-ministro da Educação nos governos Lula e Dilma fala sobre o erros cometidos na operação que, pelos excessos, desperta a atenção de todo o mundo

Fernando Haddad, ex-ministro da Educação nos governos Lula e Dilma, em matéria na sua coluna deste sábado (8) na Folha, diz que Moro é mais que suspeito e enumera tudo o que o ex-juiz de Curitiba não poderia ter feito com Lula, mas fez.

Haddad diz que a forma com que Moro foi tratado no STF (Supremo Tribunal Federal) pode ser o início do reestabelecimento do sistema de justiça, “a ser confirmado na decisão final sobre sua suspeição nos processos contra Lula“.

O ministro Gilmar Mendes é um dos principais críticos de Sergio Moro, que terá que batalhar muito para se defender no julgamento que trará à tona as mensagens divulgadas no The Intercept Brasil e em outras mídias. São exemplos de divulgação, e não é pouca coisa, os seguintes temas:

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Em se tratando do maior líder político da nossa história [Lula], evidentemente o interesse [pelo julgamento de Moro no STF] é maior, até pela repercussão internacional que a decisão necessariamente terá”, disse Haddad acrescentando que Sergio Moro “não brincou em serviço. Pavimentou sua carreira num conjunto de arbitrariedades que, se não forem corrigidas, talvez nunca mais se possa declarar um juiz parcial, comprometendo todo o sistema de justiça”.

Lula teve sua condenação absoluta e inegavelmente “sem provas de recebimento de vantagem por ato indeterminado”, como o próprio Moro escreveu na sentença do ex-presidente. Haddad diz que isso é um absurdo e “quase um detalhe diante do conjunto da obra“. Em seguida, o ex-ministro da Educação relaciona tudo o que considera ilegal nos atos do ex-juiz de Curitiba:

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Todo o conjunto desta relação Lula/Moro está sob a atenção de “juristas brasileiros e estrangeiros, dada a sua relevância e exotismo”, diz Haddad.

O ex-ministro ainda cita a manifestação do jurista italiano Luigi Ferrajoli, publicada em entrevista na Folha de 26 de julho, sobre violação de garantias do devido processo legal, especificamente no caso de Lula:

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“No caso da condenação do ex-presidente Lula, as violações das garantias do devido processo legal foram massivas. Em qualquer outro país, o comportamento do juiz Moro justificaria sua suspeição, por sua explícita falta de imparcialidade e pelas repetidas antecipações de julgamento. Nos julgamentos italianos do início dos anos 1990, conhecidos como Mãos Limpas, houve indubitavelmente excessos antigarantistas, como o abuso de prisão preventiva e o excessivo papel desempenhado pelo delator. No entanto, comparados ao julgamento contra Lula, esses julgamentos parecem um modelo de garantismo”.


Luigi Ferrajoli
jurista italiano e um dos principais teóricos do Garantismo

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Haddad pontua dizendo que “está nas mãos do colegiado o futuro do sistema de justiça e da própria democracia. Se a conduta de Moro for chancelada, o golpe que Bolsonaro e seus generais planejam no Supremo Tribunal Federal já terá sido em parte consumado”.

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