The Guardian expõe plano do ministro de Bolsonaro para ‘passar a boiada’ com a mídia distraída pela covid-19

Et Urbs Magna – O tradicional jornal inglês The Guardian publicou nesta quinta-feira (28) uma matéria em que comenta a reunião ministerial ocorrida em 22 de abril entre o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e seus ministros, dentre eles Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, dando destaque para sua fala na ocasião sobre aproveitar que a mídia estava distraída noticiando casos da covid-19 no país para ‘passar a boiada’, ou seja, regularizar ilegalidades na Amazônia.

A menção ao discurso do ministro surgiu durante a apresentação, pelo TG, de dois estudos que “despertaram mais alarme sobre o desmatamento no Brasil durante o primeiro ano do governo do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro“.

O primeiro apresentado no texto do jornal refere-se à perda de 12 mil quilômetros de floresta no ano de 2019 sob a gestão de Bolsonaro e fornece “informações importantes sobre aqueles por trás do desmatamentoA outra pesquisa sinalizou um aumento de 27% na destruição de florestas tropicais no leste do Brasil”, escreveu o The Guardian acrescentando que “os estudos foram divulgados dias após a revelação de que o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, havia defendido que o governo usasse a cobertura da pandemia de coronavírus para enfraquecer ainda mais as leis de proteção ambiental cada vez mais instáveis do país”.

Relembre a fala de Salles:

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‘Passar a Boiada’

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De acordo com as pesquisas apresentadas no jornal inglês, “o desmatamento e os incêndios na Amazônia  dispararam  desde que Bolsonaro assumiu o cargo em janeiro de 2019, prometendo acabar com a “indústria de multas” das agências ambientais e desenvolver a floresta tropical”. A partir daí, o The Guardian reproduz textualmente o discurso de Salles na reunião ministerial:

Precisamos fazer um esforço enquanto estamos em um momento tranquilo para a cobertura da imprensa, porque eles só falam sobre Covid”.

A posição do governo é enfraquecer as políticas e isso aumenta o desmatamento“, disse Mariana Mota, especialista em políticas públicas do Greenpeace Brasil. “Os números do desmatamento não mentem.

O The Guardian fornece o nome da MapBiomas  – uma coalizão de ONGs, universidades e empresas de tecnologia – que apresentou o primeiro estudo e confirmou alertas de desmatamento do Instituto de Pesquisas Espaciais do Brasil com imagens de alta resolução.

No estudo há a constatação de 7,7 quilômetros do desmatamento na Amazônia. “Mais de três quartos ocorreram em terras registradas por meio de um sistema de auto-registro que os agricultores brasileiros usam para reivindicar a propriedade e 99% do desmatamento era ilegal, segundo a MapBiomas“, publicou o The Guardian.

O governo Bolsonaro está tentando aprovar uma lei que permitiria que os agricultores que haviam ocupado ilegalmente terras em reservas protegidas antes da data de corte reivindicassem o título legal, disseram os ambientalistas da legislação a lei dos “grileiros”, continuou o TG.

O vice-presidente do Brasil, general Hamilton Mourão, lidera um “conselho da Amazônia” e uma operação ambiental de milhares de soldados brasileiros cuja eficácia foi questionada pela mídia local. Em 15 de maio, ele disse que a lei ajudaria o governo a combater o desmatamento”, disse ainda o jornal destacando também sua fala: “Se não soubermos quem é o dono da terra, não poderemos levar ninguém à justiça”. 

O The Guardian mostra ainda que “uma votação da lei foi adiada esta semana em meio a indignação com os comentários de Salles“.

O jornal afirma que o Brasil já sabe quem é o responsável pelo desmatamento e que a questão não é encontrar os infratores, mas sim o fato de que muitas vezes as multas são ignoradas pelo próprio governo.

Um estudo da Human Rights Watch mostra que as multas estão suspensas desde outubro, após a introdução de novos procedimentos pelo governo Bolsonaro“, escreveu o TG somando, à informação, números divulgados pela ONG ‘SOS Mata Atlântica‘ que apontam “aumento de 27% na destruição de florestas tropicais em 17 estados do Brasil entre outubro de 2018 e outubro de 2019, após dois anos de queda do desmatamento, revelando que 145 quilômetros de floresta foram derrubadas na região.

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