“Sua missão” é grampear Moraes e “depois você tem o céu”, disse Bolsonaro a Walter Delgatti

Carla Zambelli levou o hacker da ‘Vaza Jato‘ para o ex-presidente. O rapaz quis pagar funcionário da TIM pra tentar clonar o telefone do ministro e hackeou o sistema do CNJ pra quebrar sigilos do magistrado, diz site

Como se sabe, o ex-deputado Daniel Silveira se reuniu com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para propor um plano de gravar o ministro presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, com o objetivo seria flagrá-lo em qualquer diálogo que pudesse pôr em xeque a sua parcialidade como juiz e causar um escândalo para, a partir disso, invalidar as eleições.

Em agosto, Bolsonaro recebeu no Palácio da Alvorada, fora da agenda oficial, o hacker Walter Delgatti Neto, famoso por divulgar os áudios das conversas do ex-juiz Sergio Moro e procuradores liderados pelo ex-chefe da força tarefa da operação lava jato, Deltan Dallagnol.

A aproximação entre Delgatti e Bolsonaro foi intermediada pela deputada Carla Zambelli (PL-SP). “Eu encontrei a outra (Zambelli) e ela levou um celular, abriu o celular novo, colocou um chip, aí ela cadastrou o chip e ele (Bolsonaro) telefonou no chip. Foi por chamada normal”, relatou o hacker de Araraquara, conforme mostra a Veja.

Bolsonaro teria proposto a Delgatti que ele assumisse a autoria de um grampeamento ilegal de Moraes que, mais cedo ou mais tarde, viria a público. “Eles precisam de alguém para apresentar (os grampos) e depois eles garantiram que limpam a barra”, disse o hacker.

Nos relatos que fez, Delgatti se referia ao então presidente como Zero Um. “Ele (Bolsonaro) falou: ‘A sua missão é assumir isso daqui. Só, porque depois o resto é com nós’. Eu falei beleza. Aí ele falou: ‘E depois disso você tem o céu’”.

Bolsonaro teria dito que já haviam conseguido interceptar mensagens internas trocadas entre Moraes e servidores da Justiça, nas quais o magistrado estaria discorrendo sobre supostas vulnerabilidades das urnas e uma preferência pelo candidato Lula. Esse ponto deveria ser explorado na imprensa para alegar a suspeição do ministro e tirá-lo da condução do processo eleitoral. O hacker topou de imediato a oferta e ficou de prontidão, aguardando novos contatos do núcleo duro do bolsonarismo para tratar do assunto, diz a Veja.

À mesma época, enquanto não chegavam a ele novas informações sobre a operação, Delgatti procurou um funcionário da operadora de telefonia TIM e ofereceu a ele dinheiro para que ajudasse no grampeamento ilegal do ministro, fornecendo um chip com o mesmo número do usado por Moraes. A conversa entre o hacker e o funcionário da telefônica foi gravada sem o conhecimento de Delgatti. Nela, o hacker insinuou ao interlocutor que havia mais pessoas por trás dessa operação que resultaria em um crime. O funcionário da TIM não aceitou participar da trama.

Comente

Comente

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.