A outra hipótese para o presidente se manter no poder seria vencendo as eleições de 2022, mas Lula avança de tal forma que pode surpreender e vencer já no primeiro turno. O jornalista afirma que Bolsonaro já sabe o que fazer – Leia a seguir:
Existem duas hipóteses para Jair Bolsonaro permanecer na Presidência a partir de 1º de janeiro de 2023. A primeira é vencendo as eleições. A segunda é um autogolpe. “E Bolsonaro parece estar transformando o autogolpe em uma carta na manga natural caso perca as eleições“, escreve o jornalista Thomas Traumann, na Veja desta quarta-feira (18). “Hoje as oposições ao governo Bolsonaro, de Luiz Inácio Lula da Silva a João Doria, de Ciro Gomes a Gilberto Kassab, do STF à parte sã da mídia, seguem achando que o jogo é apenas eleitoral, que basta ter 53 milhões de votos para defenestrar Bolsonaro do Palácio do Planalto. É um grave erro de avaliação. Se Bolsonaro achar que é mais fácil permanecer no poder via um autogolpe do que pelas eleições, não tenha dúvidas do que ele vai escolher“.
Segundo o jornalista, o “raciocínio bolsonarista para endurecer o regime foi captado” na entrevista que Ricardo Barros deu à Folha de S. Paulo, da qual ele selecionou o trecho abaixo:
Folha de S. Paulo: “Existe o risco de Bolsonaro não reconhecer o resultado das eleições em 2022?”
Ricardo Barros: “Não sei, vamos ver até o ano que vem. Tem muita coisa para acontecer até lá.”
Folha de S. Paulo: “Seria algo muito grave.”
Ricardo Barros: “Mas isso é uma possibilidade que o TSE deveria ter ponderado quando quis mostrar força, pressionando os partidos para vencer a votação no Congresso Nacional.
Folha de S. Paulo: “As falas de Bolsonaro sobre seu apoio entre os militares e a tese das Forças Armadas como poder moderador não são formas de o presidente esticar a corda da crise?”
Ricardo Barros: “Quem está esticando a corda é o STF. O presidente Bolsonaro está fazendo o que sempre fez, ele não mudou. Há uma clara intenção do Supremo em esticar a corda com Bolsonaro, são decisões sucessivas e frequentes. A prisão do Roberto Jefferson agora é mais uma. Não vamos fazer de conta que o problema não existe. Ele existe, está instalado há muito tempo. Agora, vamos ver até onde isso vai”.
Folha de S. Paulo “Até onde pode ir?”
Ricardo Barros: “Não sei, cada um sabe o que está fazendo e deve medir as consequências e os riscos. Os presidentes da Câmara, do Senado, da República, do STF e do TSE. Todos têm que medir os passos que estão dando. Não venham querer cobrar só do presidente Bolsonaro”.
Traumann explica que “o argumento de que o STF e TSE estão “esticando a corda” e que Bolsonaro está apenas reagindo vem sendo repetido por todos os ministros do governo nos últimos dias, de militares como os generais Braga Neto e Augusto Heleno à civis como Fabio Faria e Paulo Guedes“.
“E a resposta que eles dão quando se pergunta qual pode ser essa reação do presidente é sempre a mesma do líder Ricardo Barros: “cada um sabe o que está fazendo e deve medir as consequências e os riscos”.
Além disso, “Bolsonaro tem a seu lado 230 deputados que votaram pelo golpe do voto impresso, uma dúzia de governadores (incluindo Rio e Minas), parte majoritária do Alto Comando do Exército, grande parte das Polícias Militares, a PGR, a Polícia Federal, os principais líderes evangélicos e quase todo o agro, mas tudo isso junto e misturado ainda é a minoria” escreve o jornalista.
“Nas circunstâncias atuais, o golpe seria uma quartelada que terminaria com todos presos. Mas até 2022, não se sabe”.