RELEMBRE A CARREIRA DE AGILDO RIBEIRO, O CAPITÃO DO RISO, QUE NOS DEIXOU NESTE SÁBADO (28)

Um dos ícones do humor no Brasil, Agildo Ribeiro nos deixou neste sábado aos 86 anos – completados na última quinta, dia 26 – devido a problemas cardíacos. Desde o rádio e teatro de revista até a televisão, veículo no qual se tornou extremamente querido e popular, com personagens inesquecíveis, Agildo consagrou-se como uma referência para as gerações posteriores e mesmo para a sua própria.

Desde a infância, Agildo da Gama Barata Ribeiro Filho – de família de militares e políticos – foi do tipo que faz os outros rirem. Com talento para imitações e um sotaque lusitano devido a ter aprendido a falar sob os cuidados de uma babá em Portugal, onde passou a infância, ele percebeu que poderia vir a um dia ganhar dinheiro com sua aptidão de despertar o riso.

Ao deixar o Colégio Militar, onde divertia os colegas com suas tiradas e imitações de personalidades conhecidas e dos próprios professores, Agildo ingressou no Teatro do Estudante, criado por Paschoal Carlos Magno – uma figura muito importante na história do teatro brasileiro no século 20 que precisa ser urgentemente redescoberta, estudada e valorizada –, e estreou profissionalmente nos palcos em 1954. Em 1957 interpretou João Grilo numa montagem de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, que lhe abriu muitas portas no mundo do humor.

Foi um dos primeiros contratados da TV Globo, em 1965, e já nos primeiros meses da emissora participou da série TNT, com Márcia de Windsor, Thaís Portinho, Vera Barreto Leite e Betty Faria. O episódio inaugural de Musicalíssima, que apresentou “Forrobodó” de Luiz Peixoto já na inauguração da nova estação, teve Agildo em seu elenco. Ele ainda fez ao vivo por mais de dois anos as vinhetas que anunciavam os programas da Globo, o que lhe rendeu o apelido de “Um Minuto” devido ao bordão “Um momento! Um minuto para o próximo programa!” que dizia em suas aparições.

Agildo Ribeiro caracterizado como Chacrinha
Agildo Ribeiro caracterizado como Chacrinha (Reprodução)

Sua imitação perfeita de Chacrinha rendeu a indicação do ator Milton Carneiro ao diretor Maurício Sherman para que ele imitasse o apresentador num novo programa da Globo em 1967, chamado TV1 – Canal ½. Exibido às quintas, seguia a proposta de seu “irmão” das quartas, o TVO – Canal 0, que tinha o comando de Paulo Silvino. Os dois programas foram unidos sob o título TV O-TV 1, que permaneceu no ar até 1969 com paródias dos programas da casa e da concorrência.

Agildo Ribeiro em TV O
Agildo Ribeiro em TV O (Divulgação)

Entre 1969 e 1971, Agildo participou de esquetes do Balança, Mas Não Cai, e na mesma época apresentou o programa de auditório Mister Show, que exibia entrevistas, quadros de humor e shows de calouros mirins, mas cuja maior sensação foi o ratinho Topo Gigio, criado na Itália e com o qual Agildo interagia em quadros previamente gravados, para que não se revelassem os segredos da manipulação do bonequinho.

Agildo Ribeiro e Topo Gigio
Agildo Ribeiro e Topo Gigio (Divulgação)

No ano de 1972 participou da equipe de criação e do elenco de Uau – A Companhia, exibido nas noites de quinta-feira. Em 1973 participou do Chico City, novo programa de Chico Anysio na Globo, mas logo dedicou-se apenas a Satiricom, outra estreia daquele ano e que ficou no ar até 1975, com Agildo, Jô Soares, Luiz Carlos Miele e Renato Corte Real à frente de quadros rápidos que satirizavam o comportamento humano e as comunicações.

Na segunda metade dos anos 1970, Agildo fez parte de O Planeta dos Homens, programa no qual surgiu o tipo inesquecível do professor de mitologia Aquiles Arquelau, que era fascinado pela beleza da atriz Bruna Lombardi e em seus excessos era brecado pelo mordomo (Pedro Farah), a “múmia paralítica”, e sua campainha providencial.

Em 1982 comandou o mensal Estúdio A… Gildo, exibido na faixa Sexta Super, e no ano seguinte foi o grande anfitrião de A Festa É Nossa, que mostrava grandes festas que reuniam humoristas e personalidades num apartamento de luxo. Na temporada 1984 Agildo participou de Humor Livre, que a exemplo de A Festa É Nossa ia ao ar nos finais de tarde de domingo.

No ano de 1985 Agildo viveu um dos protagonistas da novela das 18h De Quina pra Lua, de Alcides Nogueira. Seu personagem era o professor Cagliosto, apaixonado pela viúva Angelina (Eva Wilma) e que se dividia entre ela e Mariazinha (Elizabeth Savalla).

Agildo Ribeiro e Elizabeth Savalla em De Quina pra Lua
Agildo Ribeiro e Elizabeth Savalla em De Quina pra Lua (Reprodução)

Logo em seguida acompanhou o diretor Augusto César Vannucci e trocou em 1987 a Globo pela Bandeirantes, onde comandou o programa Agildo no País das Maravilhas. A mesma fórmula, de quadros de humor e a participação de bonecos que representavam políticos, foi aproveitada entre 1989 e 1990 no Cabaré do Barata, agora na Manchete. As imitações de Clodovil e Dercy Gonçalves foram alguns dos sucessos dessa época.

Em 1993 apresentou o Não Pergunta que Eu Respondo, no SBT, e em seguida viveu por alguns anos em Portugal, onde comandou na RTP1 o Isto É o Agildo.

Em 1998 atuou em Mandacaru, de Carlos Alberto Ratton e Zeno Wilde, novela da Manchete, e no ano seguinte voltou à Globo integrando o elenco de Zorra Total, programa do qual participou do começo ao fim, em 2015, e seguiu fazendo participações especiais na Zorra, que está no ar desde então. Alguns de seus personagens marcantes desse período, além do resgate da imitação de Chacrinha e do professor de mitologia, foram o deputado Laércio Falaclaro; Madeira, do bordão “Dá uma choradinha”; uma paródia de Hugo Chávez; e uma representação clara de Paulo Maluf, com o “Eu não estou nem aqui” e “Aprendeu rápido o maganão, hein?”.

A exemplo de outros grandes humoristas que já nos deixaram, Agildo Ribeiro integra agora a galeria dos profissionais que abrem lacunas impossíveis de preencher. Uma vida inteira dedicada à arte de pensam, não é nada fácil nem descompromissada. Fica a saudade.

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