Rascunho de 7 dias do ‘Bolsonarismo’ aponta para o antipresidencialismo com muitos passos tortos do eleito – confira:

Começa a tomar forma o bolsonarismo, agora como governo. Em uma semana com a caneta na mão, fica claro que as previsões de um presidente mais ‘moderado’ são mais desejo que racionalidade. As primeiras declarações e medidas do novo governo dão uma amostra consistente do que vem por aí. Bolsonaro continua levando adiante as bravatas de campanha e as ideias que defendia como deputado. Como antes, sobram mentiras e provocações infantis na internet.

Os ministros também não baixaram o tom. As primeiras rachaduras na relação com a equipe econômica: já na primeira coletiva, o presidente foi desmentido por Onyx Lorenzoni e pelos caras de Paulo Guedes menos de 24 horas depois.

Confira a linha do tempo dos principais acontecimentos:

Dia 1 (terça-feira)

Bolsonaro toma posse sob um fortíssimo esquema de segurança e maus-tratos sem precedentes à imprensa. Faz discurso com ares de campanha, prometendo combater o ‘socialismo’, a ‘ideologia de gênero’ e a cor vermelha.

Embora o rito seja possivelmente o mais caro da história (impossível conferir, pois os gastos do governo de transição estão sob sigilo), o que repercute na internet é um boato, plantado pelo próprio, de que a posse foi assinada a com um caneta de 1 real.

Nós é que agradecemos a ótima qualidade e preço da caneta! 👍🏻🇧🇷 pic.twitter.com/G0z5FVQ0iK

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 2, 2019

Em primeiro decreto, fixa o salário mínimo em 998 reais, menos que o previsto pelo governo Temer (1.006 reais). O aumento segue uma fórmula sancionada por Dilma em 2011, mas o presidente tem margem para decretar um valor diferente, usando a projeção do NPC do mês anterior.

O presidente perdeu a oportunidade de ser o primeiro presidente a decretar um salário acima de 1.000 reais.

Dia 2 (quarta-feira)

A missão de demarcar terras indígenas, principal atividade da Funai, é transferida para o Ministério da Agricultura – comandado pela ruralista Teresa Cristina (DEM). Também foi repassada ao ministério a gestão das terras quilombolas.

Mais de 15% do território nacional é demarcado como terra indígena e quilombolas. Menos de um milhão de pessoas vivem nestes lugares isolados do Brasil de verdade, exploradas e manipuladas por ONGs. Vamos juntos integrar estes cidadãos e valorizar a todos os brasileiros.

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 2, 2019

É extinta uma secretaria do Ministério da Educação responsável por promover ações pró-diversidade. Todas as menções a proteção da população LGBT são retiradas das diretrizes dos Direitos Humanos, mas o governo volta atrás.

Não haverá abandono de auxílio a qualquer indivíduo nas diretrizes de Direitos Humanos. A Secretaria Nacional da Família, Secretaria Nacional de Proteção Global e o Conselho Nacional de Combate à Discriminação ficarão responsáveis por este papel.

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 3, 2019

Ministro da Educação desmonta secretaria de diversidade e cria pasta de alfabetização. Formar cidadãos preparados para o mercado de trabalho. O foco oposto de governos anteriores, que propositalmente investiam na formação de mentes escravas das ideias de dominação socialista.

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 2, 2019

Causa perplexidade um vídeo da ministra Damares Alves, chefe da pasta Mulher, Família e Direitos Humanos.. Rodeada por apoiadores, ela celebra o início de uma ‘nova era’ na qual ‘menina veste rosa e menino veste azul’.

Em estreia oficial do olavismo no Itamaraty, o chanceler Ernesto Araújo mistura em seu discurso de posse Raul Seixas, globalismo, filosofia grega, grito integralista e pregação religiosa.

“Deveria preocuparmos cada vez mais a teofobia, o ódio contra Deus. Há uma teofobia horrenda e gritante na nossa cultura, não só no Brasil, em todo o mundo. Um ódio contra Deus que vem sabe-se lá de onde, canalizado por todos os códigos de pensamento e de não pensamento que perfazem a agenda global”

Dia 3 (quinta-feira)

Na primeira entrevista como presidente, ao SBT, fala em acabar com a Justiça do Trabalho e mudanças na idade mínima na Reforma da Presidência (62 anos para homens e 57 para mulheres). Mantém a posição entreguista da base de Alcântara e rechaça qualquer diálogo com a oposição.

(REPRODUÇÃO/SBT)

Dia 4 (sexta-feira)

Primeiro bate cabeça com a equipe econômica. Em entrevista coletiva, Bolsonaro anuncia aumento do IOF, mas é desmentido por Onyx Lorenzoni e pelo secretário Marcos Cintra. Os comandados também recuaram em relação à mudanças no IR.

No Twitter, Bolsonaro mente e retorce dados para justificar o fim do auxílio-reclusão. Além de raramente ultrapassar o salário mínimo, o benefício é dado a uma parcela ínfima da massa carcerária (6,5%, segundo os dados mais recentes) e nem de longe representa alívio às contas da Previdência.

O auxílio-reclusão ultrapassa o valor do salário mínimo. Em reunião com Ministros, decidimos que avançaremos nesta questão ignorada quando se trata de reforma da previdência e indevidos. Em cima de muitos detalhes vamos desinchando a máquina e fazendo justiça!

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 4, 2019

Em meio a grave crise de segurança no Ceará, o presidente eleito mantém o cita o auxílio da Força Nacional apesar de o governador Camilo Santana “ser do PT” e fazer oposição “a nós”.

Apesar do Governo do estado do Ceará ser do PT e realizar forte oposição a nós, jamais abandonaríamos o povo cearense neste momento de caos. pic.twitter.com/C4S6vbFEHl

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 4, 2019

Dia 5 (sábado)

Em meio à repercussão do vaivém econômico, Bolsonaro e os filhos passam o dia fustigando a imprensa e trocando farpas com adversários. O grande alvo é Fernando Haddad, xingado por compartilhar um artigo da Deutsche Welle  sobre o anti-intelectualismo no governo.

Haddad, o fantoche do presidiário corrupto, escreve que está na moda um anti-intelectualismo no Brasil. A verdade é que o marmita, como todo petista, fica inventando motivos para a derrota vergonhosa que sofreram nas eleições, mesmo com campanha mais de 30 milhões mais cara.

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 5, 2019

Bolsonaro encarou a postagem como opinião pessoal do concorrente derrotado. Houve resposta, com elegância e ironia.

Na verdade, quem disse isso foi um jornalista da Deutsche Welle (https://t.co/Z554p1Zh1E), mas se você já se sentir seguro para um debate frente a frente, estou disponível. Forte abraço!

— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) January 5, 2019

Dia 6 (domingo)

Com base em informações falsas, Bolsonaro critica o Ibama e é desmentido pela presidente da instituição. No post – já apagado – ele afirmava haver ‘montanhas de irregularidades’ no governo federal, usando como exemplos contratos de aluguel de carros do Ibama.View this post on Instagram

Em relação a comentários sobre o Ibama publicados em redes sociais neste domingo (06/01), a presidente do Instituto, Suely Araújo, esclarece: “As viaturas do Ibama são objeto de um contrato de locação de âmbito nacional. O novo contrato abrange 393 caminhonetes adaptadas para atividades de fiscalização, combate a incêndios florestais, emergências ambientais, ações de inteligência, vistorias técnicas etc., nos 27 estados brasileiros, e inclui combustível, manutenção e seguro, com substituição a cada 2 anos. A acusação sem fundamento evidencia completo desconhecimento da magnitude do Ibama e das suas funções. O valor estimado inicialmente para esse contrato era bastante superior ao obtido no fim do processo licitatório, que observou com rigor todas as exigências legais e foi aprovado pelo TCU. Os valores relativos aos veículos para fiscalização na Amazônia são custeados pelo Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES. A presidência do Ibama refuta com veemência qualquer insinuação de irregularidade na contratação. Espera, por fim, que o novo governo dedique toda a atenção necessária às importantes tarefas a cargo do Ibama, e não a criar obstáculos à atuação da Autarquia.”

A post shared by Ibama (@ibamagov) on Jan 6, 2019 at 1:36pm PST

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