Bolsonaro queria “voltar ao Brasil carregado por multidão gritando “mito” e ser manchete, mas sucesso do “arcabouço fiscal de Lula tomou o noticiário” e apagou suas manjadas falas tendenciosas contra o estadista que tomou sua cadeira no Planalto
“Jair Bolsonaro escolheu a véspera do aniversário do golpe militar de 1964 para voltar ao Brasil. Imaginava que ele próprio seria o principal assunto da imprensa, o que alertaria que o “mito está on” de novo. Não contava, contudo, que as atenções dos adultos estariam voltadas às novas regras fiscais, apresentadas por Fernando Haddad e Simone Tebet“, escreve o colunista do UOL Leonardo Sakamoto.
“Enquanto Jair respondia, em entrevista, sobre o escândalo das joias dadas pela ditadura saudita, que ele disse serem decorrentes da “amizade com o povo árabe”, ignorando as suspeitas de suborno e propina, Haddad e Tebet davam entrevista apresentando as novas regras para limitar os gastos do governo em substituição ao teto de gastos. Teto que Jair furou mais do que alvo velho em clube de tiro”, prossegue o jornalista.
Takamoto observa que “a chegada de Jair é um dos principais assuntos nas redes sociais”, mas que “apenas alguns veículos mais alinhados ao bolsonarismo continuaram priorizando” o ex-presidente “após Haddad e Tebet começarem a falar, o restante voltou-se ao que interessa de fato”.
Segundo o jornalilsta “os atos golpistas de 8 de janeiro e o escândalo das joias árabes reduziram muito a vontade de parte dos seus seguidores de demonstrarem publicamente o seu amor por ele”, justamente em um momento em que ele precisava “fortalecer sua imagem” para aumentar “o custo político de um juiz de primeira instância manda-lo à prisão preventiva”.
“Ironicamente, a família Bolsonaro, especialista em fazer desaparecer temas que não são de seu interesse usando outros assuntos, submergiu diante das reais prioridades nacionais“, pontua Sakamoto, referindo-se ao vigor da boa expectativa com que o novo arcabouço fiscal está sendo recebido por todas as camadas da sociedade brasileira.
