Piñera fala mal de Bolsonaro pelas costas, após presidente brasileiro voltar do Chile

As ‘frases de Bolsonaro sobre ditadura são infelizes’, afirma Piñera – Após protestos, presidente do Chile se distancia das posições do brasileiro no dia seguinte à visita.

Neste domingo (24), dia seguinte da visita oficial do presidenteJair Bolsonaro ao Chile, Sebastián Piñera marcou distância de frases ditas sobre o brasileiro sobre as ditaduras latino-americanas “com as quais não concorda”, disse a jornalistas, apesar de elogiar outras de suas qualidades.

Ao ser perguntado sobre quais seriam essas frases, Piñera citou: “Quem procura osso é cachorro”, uma das que estampavam os cartazes de protesto de grupos de direitos humanos que pediam que Bolsonaro deixasse o Chile.

Nos dois dias oficiais da visita, houve protestos contra o brasileiro, do lado de fora do palácio de La Moneda e em outros pontos da cidade, por parte de estudantes, organizações de direitos humanos e feministas. A isso, Bolsonaro respondeu, ao chegar, que “protestos assim existem onde quer que eu vá, mas o importante é que, no meu país, fui eleito por milhares de brasileiros”.

Piñera disse que frases como a que citou “são tremendamente infelizes”. “Não compartilho muito do que Bolsonaro diz sobre o tema.”

Na mesma ocasião, Piñera voltou a defender o Prosulbloco criado em Santiago na sexta-feira (22) e reafirmou não ser um bloco “de países de direita”. Disse que respeita a decisão de Uruguai e Bolívia de não assinar a declaração conjunta neste momento, mas reforçou que ambos seguem sendo convidados a fazê-lo mais adiante. E que apenas a Venezuela ainda não está convidada, “por não cumprir com o requisito de ser um país democrático e com respeito aos direitos humanos”, mas espera que essa fase logo passe, após o fim da ditadura de Nicolás Maduro.

Manifestantes protestam, diante do palácio de La Moneda, contra a presença de Jair Bolsonaro no Chile
Manifestantes protestam, diante do palácio de La Moneda, contra a presença de Jair Bolsonaro no Chile – Martin Bernetti/AFP

“Não estamos agrupando a direita, e sim os países democráticos”, concluiu. Sobre sua própria orientação política, disse que prefere ser identificado hoje com “uma centro-direita mais diversa, mais tolerante, mais moderna e sintonizada com a cidadania”.

No ano passado, logo após a vitória de Bolsonaro, Piñera disse que o brasileiro havia obtido “uma enorme vitória”, algo que voltou a repetir publicamente, em tom elogioso, no último sábado (23).

Porém, em 2018, o mandatário chileno também disse ter “discrepâncias profundas em algumas áreas e coincidências importantes em outras”. Entre as coincidências, mencionou “os temas de modernização da economia e de recuperação de equilíbrios fiscais”.

Ainda naquela ocasião, Piñera falou sobre as afirmações consideradas racistas e homofóbicas do brasileiro: “Obviamente essas afirmações sobre condutas homofóbicas e pouco respeitosas com relação às mulheres são afirmações com as quais eu definitivamente não estou de acordo”.

Piñera condena a ditadura pinochetista (1973-1990) e sempre fez questão de dizer que votou pelo “não” no plebiscito de 1989 que decidiu o fim do regime militar. Já Bolsonaro fez elogios públicos a pessoas como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e, mais recentemente, ao general Alfredo Stroessner, ditador do Paraguai entre 1929 e 1989.

Dino Barsa para o Et Urbs Magna via YouTube

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