Moro, que apoiou Bolsonaro no segundo turno mesmo após ofensas, pode mudar de legenda junto com a esposa, caso se confirme o apoio
As negociações para que o União Brasil faça parte da base do governo Lula no Congresso Nacional avançam e Sergio Moro, o senador eleito pelo partido no Paraná, que mandou Lula para a cadeia por 580 dias quando juiz federal da operação Lava Jato, já disse que se manterá como antagonista.
“É natural que eu me coloque na oposição para liderar uma resistência necessária a políticas públicas indesejáveis em relação ao país“, afirmou, sem humildade, à Folha de S.Paulo durante a campanha eleitoral.
Representantes do União Brasil vêm dialogando com emissários de Lula. O partido, que terá a terceira maior bancada na Câmara, em 2023, com 59 deputados, pode ficar com dois ministérios e manter sua influência sobre a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), diz matéria de Leonardo Sakamoto, no UOL.
Em entrevista nesta quinta (1/12), o presidente do partido, Luciano Bivar, não quis antecipar o que acontecerá com Sergio Moro. Reconheceu que o ex-juiz tem as suas bandeiras e que seria um contrassenso ir contra elas. Mas também que ser do contra por ser do contra é “insensatez, como político ou como ser humano“.
“Aqueles que votarem sempre contrariando o partido sabem que perdem alguns espaços dentro do partido. Não é questão de retaliação, mas de não inclusão em espaços quando não podemos contar com este ou aquele parlamentar“, disse Bivar.
Moro teria liberdade para manter o tom crítico, mas todos os parlamentares precisam votar em assuntos importantes ao partido. A questão é quando esses assuntos também forem importantes para Lula. Caso se confirme a entrada do partido na base do Presidente eleito, as apostas é que ele e a deputada federal eleita Rosângela Moro (UB-SP), busquem outra legenda.
Antipático
Uma nova mudança de partido, contudo, não vai reduzir o isolamento do ex-juiz e ex-ministro, que carrega a antipatia de parlamentares por onde passa. Após um histórico de transformações camaleônicas no campo político, tornou-se cabo eleitoral de Bolsonaro nos últimos minuto do segundo tempo. O comportamento provocou críticas até de procuradores da República que participaram da força tarefa da Lava Jato.
