Ferramenta ‘FirstMile‘ possibilitou localizar área aproximada de aparelhos em redes 2G, 3G e 4G durante os três primeiros anos da gestão do ex-presidente
O MPF (Ministério Público Federal) abriu investigação preliminar para apuração sobre a utilização, pela ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), de um sistema secreto que monitorava a localização de celulares em redes 2G. 3G e 4G, durante os três primeiros anos da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A Notícia de Fato Criminal é um procedimento preparatório para um eventual inquérito e foi assinada pelo procurador Peterson de Paula Pereira, da Procuradoria da República do Distrito Federal.
No documento, Peterson manda investigar “suposta utilização ilegal de sistema capaz de monitorar a localização de qualquer pessoa por meio do número de telefone celular pela ABIN”, diz trecho do documento, transcrito pelo jornal O Globo, nesta quarta-feira (15/3).
A ferramenta permitia, sem qualquer protocolo oficial, acompanhar os passos de até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses, bastando, para isso, digitar o número de um contato telefônico no programa para que fosse identificado, em um mapa, a última localização conhecida do dono do aparelho.
O governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu investigar e punir os responsáveis por utilizar a ferramenta secreta.
Os ministros das Relações Institucionais e da Casa Civil, Alexandre Padilha e Rui Costa, respectivamente, se manifestaram sobre o episódio de arapongagem revelado pelo jornal.
“A matéria que saiu sobre isso é muito grave. É mais uma questão a ser apurada das profundas irregularidades cometidas, não só por Bolsonaro, como por agentes do governo anterior“, disse Padilha.
“A própria ABIN e outros órgãos, como o próprio Ministério da Justiça, certamente irão apurar essas situações e se for comprovada uma irregularidade tão grave na vida íntima das pessoas, nos direitos individuais, na liberdade das pessoas, se isso for confirmado, os responsáveis têm que ser fortemente punidos, afirmou o ministro das Relações Institucionais.
Quando a Rui Costa, o ministro prometeu que a ABIN será alvo de investigação por órgãos de fiscalização e ocorrerá uma reformulação da agência de inteligência, que deixou de ser subordinada ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), órgão tradicionalmente comandado por militares, e passou para a pasta que assessora Lula.