Jornalista aliado recomenda que o Presidente arrume a “cozinha palaciana” e coloque “ordem na articulação política e na comunicação social do governo“, pois está “jogando contra o patrimônio” e “marcando gol contra“
O jornalista Ricardo Kotscho afirmou, em seu Balaio, que o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está “jogando contra o patrimônio” e marcando “gol contra” ao afirmar, sobre um plano de vingança do PCC (Primeiro Comando da Capital) de São Paulo para sequestrar e matar várias autoridades, entre eles o senador Sergio Moro (Uniao Brasil-PR), que acha que é “mais uma armação” do ex-juiz que o atirou injustamente e sem provas a uma prisão na fria cidade de Curitiba, onde passou 580 dias de sua valiosa vida.
Segundo o colunista, isso trouxe de volta à ribalta o algoz da operação Lava Jato, que cresceu politicamente através do lawfare contra o fundador do Partido dos Trabalhadores, dando lenha para queimar na lareira política que ele acendeu sob o forte nome de Lula, “com direito a teleprompter e fundo todo branco no Jornal Nacional“, onde Sergio Moro “aproveitou a oportunidade da sua reentrada em cena para se fazer de vítima de uma conspiração do governo“.
“Até aquele dia, ele estava esquecido, vivendo o ostracismo numa solitária cadeira no Senado“, escreve Kotscho. “Quem, afinal, disse para Lula “ficar sabendo” que a inclusão do nome do ex-juiz nas investigações da Polícia Federal era uma “armação” do próprio Moro? Seria uma “inside information” dos órgãos de segurança para o presidente?“, questiona o jornalista.
“Neste caso, Lula deveria dizer a fonte e mostrar as provas. Do jeito que falou, apenas desmereceu o republicano trabalho da Polícia Federal e do seu ministro da Justiça, o competente Flávio Dino, que salvaram a vida de um inimigo juramentado do presidente e do seu governo“, opina Kotscho. “Ou foi apenas uma ilação de Lula diante dos antecedentes da dupla de magistrados de Curitiba? Só o próprio presidente poderá responder a essas dúvidas“.
“O novo imbroglio entre Lula e Moro, que só interessa ao ex-juiz, começou com uma entrevista do presidente à TV 247, na véspera da operação da PF, em que o presidente falou que se vingaria do seu algoz provando sua inocência, e o chamou de “merda”. Foi o que bastou para misturar tudo no mesmo balaio e transformar Lula de vítima em algoz de Moro nas redes bolsonaristas“, lembra o jornalista.
Por fim, Kotscho diz que “a lição que fica de tudo isso para o governo é que o Presidente Lula deveria parar de falar em fatos e personagens do passado para centrar seus discursos e entrevistas em projetos e programas de seu terceiro governo, que está prestes a completar 100 dias, e ainda está atolado em disputas internas na base aliada sobre os rumos da economia e nas relações com o Congresso.
“Na volta da viagem à China [que não mais ocorrerá neste mês, devido ao quadro de peneumonia do Presidente], Lula precisa arrumar a cozinha palaciana e botar ordem na articulação política e na comunicação social do governo, não podendo ser ele o único porta-voz, até para não perder a voz, como aconteceu esta semana“. pontua o jornalista.