“Tem a máquina pública nas mãos, tem ministros subservientes que aceitam fazer qualquer papel que ele exija, e teve apoio de chefes das Forças Armadas nos seus arremedos autoritários”
O presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá atentar contra o processo eleitoral de 2022, insiste a jornalista do O Globo, em matéria publicada nesta terça-feira (4/1).
A colunista do jornal argumenta que o presidente “tem a máquina pública nas mãos, tem ministros subservientes que aceitam fazer qualquer papel que ele exija, e teve apoio de chefes das Forças Armadas nos seus arremedos autoritários”.
“Virou clichê dizer que essa eleição será polarizada. Na verdade, polarizadas são todas as eleições, principalmente o segundo turno“, escreve.
“O que realmente preocupa é que, pela primeira vez, desde a redemocratização, o país está entrando em um ano eleitoral com um presidente antidemocrático no poder”, lembra Míriam.
“Bolsonaro está claramente em desvantagem nas pesquisas de intenção de votos, mas tem a máquina pública nas mãos, tem ministros subservientes que aceitam fazer qualquer papel que ele exija, e teve apoio de chefes das Forças Armadas nos seus arremedos autoritários, como aquele patético desfile de tropas na Esplanada antes da votação do voto impresso“, disse em seu texto.
“A dúvida que permanece sobre nossas cabeças é a respeito de quais artimanhas o presidente pretende usar para minar o processo democrático“, escreve a colunista, que deve estar amargamente arrependida de ter apoiado o golpe em Dilma Rousseff, no PT e no estado democrático.
“Esta é uma eleição diferente de outras, porque o vencedor parece estar consolidado muito tempo antes das eleições”, argumenta a jornalista.
“O ex-presidente Lula está num patamar tão alto e tão firme que seu favoritismo dá a impressão de que essa não é uma eleição incerta. E incerteza é da natureza de qualquer processo político democrático“, adverte.
‘Será um erro o país achar que está tudo decidido porque a maior imprevisibilidade é institucional“, calcula a jornalista.
“O país não pode esquecer as reiteradas ameaças que o presidente Bolsonaro fez às instituições democráticas, ao processo eleitoral, ao Supremo Tribunal Federal, ao Congresso, aos governadores.
“Bolsonaro é um presidente que governa de costas para a Constituição e contra a população à qual deveria servir. Será respeitoso aos ritos eleitorais? Sairá pela porta do Planalto, depois de civilizadamente entregar a faixa presidencial ao vencedor?’, indaga a seus leitores para fazê-los pensar.
“A incerteza não é dada pela polarização política, mas pela dúvida sobre quantas agressões o chefe do executivo fará contra o processo de escolha dos eleitores“, pontua.