Um dos autores da série de reportagens iniciada pelo site The Intercept Brasil, que mostra como trocas de mensagens entre o então juiz federal Sergio Moro e a força-tarefa da Lava Jato podem ter ditado os rumos das eleições no país, o jornalista norte-americano Glenn Greenwald disse que ainda possui um grande volume de dados não publicados que reforçam, na opinião dele, a atuação indevida do ex-magistrado para influenciar em prisões e guiar a opinião pública.
Greenwald –que também é um dos fundadores do site– diz que o volume de material obtido por ele neste caso supera o da principal reportagem de sua carreira, que comprovou, em parceria com o ex-agente da CIA e da NSA Edward Snowden, no ano de 2013, o monitoramento indevido de informações privadas em massa pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos.
Àquela altura, o banco de dados analisado era o maior já obtido por uma investigação jornalística. As reportagens publicadas no jornal britânico The Guardian deram a ele o Prêmio Pulitzer de Jornalismo e fama mundial.
Cauteloso ao falar sobre as próximas revelações, o jornalista diz já ter uma certeza: “Moro era um chefe da força-tarefa, que criou estratégias para botar Lula e outras pessoas na prisão, se comportando quase como um procurador, não como juiz”.
Casado com o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), Greenwald –que adotou o Rio de Janeiro desde 2005, quando conheceu Miranda– se vê às voltas com uma nova onda de ataques homofóbicos e acusações nas redes sociais sobre um suposto partidarismo na publicação das reportagens. “Dizem que eu e meu marido somos de esquerda, mas nem Moro, nem a Lava Jato, dizem que os argumentos [das reportagens] são falsos”, resume.
Em relação ao fato de as reportagens terem sido veiculadas sem que os citados fossem ouvidos previamente, o jornalista defende a legitimidade das matérias, que na avaliação dele poderiam ter sua publicação barradas na Justiça.
via UOL