Marisa Letícia recebe homenagem de perfil em rede social como ex-primeira dama mais engajada do Brasil

Ex-companheira de Lula faleceu há 6 anos durante fase intensa de investigações da famigerada operação Lava Jato, protagonizada pelo então juiz federal Sergio Moro e o procurador do MPF, Deltan Dallagnol – Leia

O perfil no microblog Twitter, @historia_pensar, produziu na plataforma uma breve história da vida da ex-primeira-dama do Brasil, Marisa Letícia, durante seu encontro, aqui na Terra, com o hoje novamente Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O Pensar a História faz uma retrospectiva dos movimentos do casal, desde os tempos em que o maior Estadista da atualidade ainda era um líder sindical no ABC Paulista. Leia após as imagens, a seguir:

Fundadora do PT (Partido dos Trabalhadores) e 35ª primeira-dama do Brasil, Marisa Letícia faleceu há 6 anos, em 3 de fevereiro de 2017.

Nascida em 7/4/1950, em São Bernardo do Campo (SP), ela viveu com seus 10 irmãos em uma casa de taipa sem energia elétrica na zona rural do município, junto com o pai, o agricultor Antônio João Casa, e a mãe, a benzedeira Regina Rocco.

Marisa tornou-se babá aos 9 anos e aos 13 começou a trabalhar em uma fábrica de bombons. No local, conheceu o taxista Marcos Cláudio, com quem se casaria aos 19 anos. Ele morreria assassinado em um assalto 6 meses depois do casamento, deixando a esposa grávida do 1º filho, o psicólogo e ex-vereador (2013 a 2016) de São Bernardo do Campo, hoje com 56 anos, que apesar do pai biológico, leva o nome de Marcos Cláudio Lula da Silva.

A ex-primeira dama conheceu Lula no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em 1973, quando o então secretário-geral do sindicato também era viúvo e os dois começaram a se relacionar, tendo se casado depois de 7 meses. Do relacionamento de mais de três décadas nasceriam outros 3 filhos: Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, em 1975, Sandro Luís Lula da Silva, em 1978 e Luís Cláudio Lula da Silva, em 1985.

Marisa ingressou no movimento sindical em 1975, testemunhando a ascensão de Lula como maior liderança do Novo Sindicalismo e da rearticulação política da classe operária. Ajudou a popularizar o movimento entre as mulheres, incentivando a sindicalização e a adesão às greves.

A ex-primeira dama foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores, tendo ajudado a recolher as assinaturas necessárias para a criação da legenda em 1980. Costurou a primeira bandeira do PT e estampou as primeiras camisetas com a identidade visual do partido.

Quando Lula e os líderes grevistas de 1980 foram presos pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social – utilizado dutante Estado Novo e, mais tarde, na Ditadura Militar), Marisa organizou a Passeata das Mulheres, exigindo a libertação dos sindicalistas, quando desafiou os aparelhos repressivos da ditadura ao lado de centenas de mulheres, marchando pelo centro de São Bernardo do Campo.

A ex-companheira de Lula também ajudou a organizar as reuniões clandestinas do movimento operário em sua casa, em função da intervenção federal que havia fechado os sindicatos. Após a libertação de seu companheiro, Marisa se envolveu num projeto de politização das trabalhadoras e donas de casa do ABC.

Com Frei Betto, ela passou a organizar aulas abordando temas como ditadura militar, economia, direitos trabalhistas, direitos humanos, reforma agrária e sindicalismo, ministradas semanalmente no salão paroquial da Igreja Matriz de São Bernardo do Campo.

Dona Marisa ajudou a organizar as campanhas de Lula ao governo paulista em 1982 e a deputado federal em 1986, divulgando material, estampando camisetas e entrevistando trabalhadores para sondar as demandas mais importantes.

À medida que o PT se consolidava como principal legenda de esquerda no país, crescia a virulência dos ataques da imprensa e dos adversários políticos. Em 1982, o casal foi acusado falsamente de possuir uma casa de veraneio no Guarujá, tema que foi explorado mais tarde, nos mesmos moldes, pelo maior algoz de LULA, o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro.

Na eleição de 89, circularam boatos de que Lula decepara o próprio dedo para se aposentar. Outros boatos diziam que o então candidato confiscaria as poupanças e fecharia as igrejas. A equipe de [Fernando] Collor [de Mello] pagou uma ex-namorada de Lula p/ acusá-lo na TV de tentar forçá-la a fazer um aborto. Ironicamente, foi no governo de Collor que as poupanças dos brasileiros foi confiscada.

Na eleição de 1994, vencida por FHC (Fernando Henrique Cardoso), o casal foi novamente alvo de boatos sobre enriquecimento ilícito e uso irregular de verbas. A popularidade advinda da estabilização financeira obtida pelo Plano Real garantiu a FHC a reeleição em primeiro turno em 1998.

Marisa se dedicou integralmente à campanha de Lula durante a eleição presidencial de 2002, quando ele venceu o pleito, derrotando José Serra no segundo turno. Foi quando a companheira se tornou-se a 35ª primeira-dama do Brasil – a primeira oriunda da classe operária.

A imprensa não tardou em desqualificá-la, caçoando de seus trejeitos, hábitos e roupas, submetendo-a constantemente a comparações depreciativas com suas antecessoras – contrapondo, por exemplo, seu nível básico de instrução à titulação da antropóloga Ruth Cardoso (a falecida esposa de FHC).

Em 2005, Marisa cogitou comprar cotas do condomínio Mar Cantábrico, no Guarujá, e a partir de 2010 passou a frequentar o sítio de Jacó Bittar em Atibaia. Foi o bastante para que se tornasse alvo da guerra jurídica contra o PT movida pela Operação Lava Jato e pela imprensa.

Em 2016, Marisa tornou-se ré em duas ações penais de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Argumentava-se que os imóveis seriam vantagens indevidas ofertadas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht em troca de favorecimentos de contratos com a Petrobras.

Boatos acusando Marisa Letícia de enriquecimento ilícito e de ter cometido diversos crimes tomaram as redes sociais e viraram até mesmo mote de uma campanha publicitária das Lojas Marisa. Insultos à aparência da ex-primeira dama também se tornaram comuns.

Assediada, perseguida e submetida a um verdadeiro linchamento moral, Marisa manteve-se reclusa e passou a ter de lidar com um estado permanente de estresse e ansiedade. Em janeiro de 2017, Marisa foi internada após sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico.

Seu prontuário foi vazado e estimulou comentários de ódio nas redes sociais. Um neurocirurgião chegou a recomendar o assassinato da ex-primeira-dama “Tem que romper no procedimento. Daí já abre pupila. E o capeta abraça ela“.

A morte de Marisa foi anunciada uma semana depois de sua internação, no dia 3 de fevereiro de 2017. A imprensa foi alertada da morte antes mesmo da família. O anúncio do falecimento foi seguido por celebrações enfáticas de antipetistas nas redes sociais.

Procuradores da Lava Jato também ironizaram o falecimento de Marisa. E mesmo após sua morte, e apesar da extinção da punibilidade, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou recurso pedindo a absolvição da ex-primeira-dama nos processos em que era ré.

Os ataques à honra motivados por desinformação persistiram até após a morte. Em abril de 2020, um juiz responsável pelo processo de inventário e partilha afirmou que Marisa Letícia possuía 256 milhões de reais em investimentos em certificados de depósito bancários (CDBs).

No mês seguinte, o magistrado corrigiu a informação. Ele afirmou ter confundido e multiplicado acidentalmente o valor em 10 mil vezes. Os investimentos de Marisa Letícia eram, na verdade, de 26 mil reais.

Em 2021, os processos em que Marisa havia sido acusada foram anulados por irregularidades processuais e parcialidade. O Ministério Público posteriormente arquivou as denúncias.

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4 comentários em “Marisa Letícia recebe homenagem de perfil em rede social como ex-primeira dama mais engajada do Brasil”

  1. Fátima Almeida

    Parabéns pela homenagem a Marisa Letícia! Sua memória deve ser sempre revivida como uma grande ativista da classe trabalhadora brasileira. É importante também lembrá-la como alvo da ação perigosa da extrema direita com a intenção de substituir a democracia pelo autoritarismo e pela barbárie. A história de Marisa Letícia militante e da barbárie da extrema direita deve se manter viva.

  2. A verdadeira e última voz a ser ouvida pelo então presidente, a sabedoria da pessoa que o acompanhou por muitos anos.

  3. Antônio Moreno Pinto

    A elite e a direita fascista é desumana, irracional e perversa. Depois de tudo que tramaram e executaram contra Lula e sua esposa, permaneceu com a mesma perversão para destruir Lula e o sonho dos trabalhadores com uma campanha demoníaca e a tentativa do golpe. Lutaremos sempre para defender a democracia e os direitos do povo trabalhador. Viva D. Marisa. Viva o povo brasileiro! Viva o PT e Viva Lula, presidente do Brasil

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