Lula vê traição “desse cidadão” presidente bolsonarista do BC e diz que ele quer o caos na Economia

O presidente do Banco Central, Roberto Campo Neto, em evento no Palácio do Planalto, em Brasília, em 25 de maio de 2022 | Imagem de Adriano Machado / Reuters | Lula em foto de Sergio Lima / AFP) | Sobreposição de imagens

Para o Presidente do Brasil, Roberto Campos Neto não quer participar de um esforço conjunto para o Brasil superar os problemas econômicos

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus ministros acham que o presidente do Banco Central, Roberto Campos, traiu a confiança do governo no sentido de dialogar e participar de um esforço conjunto para o Brasil superar os problemas econômicos.

O chefe do Executivo não se sente responsável pelo déficit fiscal e a inflação. O Presidente quer um voto de confiança em seu compromisso de levar o rombo para 1% neste ano, e de zerá-lo em 2024, mesmo diante da manutenção, pelo Banco Central, da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano pela quarta reunião consecutiva.

A entidade estaria dificultando a recuperação do crédito e a atividade econômica no país, e colocando o Brasil na rota da recessão. Lula e o governo acreditam que os alertas feitos pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) foram muito além do que seria necessário e passaram a desconfiar da atuação de Roberto Campos, indicado ao cargo por Jair Bolsonaro para um mandato de quatro anos.

Ministros de primeiro escalão começaram a evitá-lo. E o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que o elogiava, já mostrou contrariedade com sua atuação. Lula teria afirmado, segundo interlocutores de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, que Campos foi tratado com respeito e consideração, e que não houve reciprocidade por parte dele. O presidente do Banco Central sempre foi alinhado com o bolsonarismo.

Em entrevista à Rede TV!, nesta semana, Lula deixou claro que está contrariado com Roberto Campos, a quem se referiu como “esse cidadão“:

Quero saber do que serviu a independência do Banco Central. Eu vou esperar esse cidadão terminar o mandato dele para fazermos uma avaliação do que significou o Banco Central independente“, disse Lula.

No mês passado, Lula afirmou à comentarista da GloboNewsNatuza Nery, que “nesse país se brigou muito pra se ter um Banco Central independente”, mas questionou: “Pra se melhorar o que?”. O Presidente completou dizendo que isso é “uma bobagem“.

O BC divulgou o comunicado em que subiu o tom e contrariou o governo Lula, depois de manter a Selic em 13,75%. O texto fazia alertas sobre as incertezas fiscais e a piora nas expectativas de inflação, que estão se distanciando da meta em prazos mais longos. Sinalizava ainda que a entidade independente deve deixar os juros no patamar atual por mais tempo —hoje o mercado prevê o início do afrouxamento monetário em setembro.

O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que têm mostrado deterioração em prazos mais longos desde a última reunião“, afirmava o comunicado.

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