Lula troca comandante bolsonarista do Exército por general que mandou tropas respeitarem urnas (vídeo)

Novo comandante do Exército do Governo Lula, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva | Divulgação Exército

Última atualização às 18h04

O demitido general Júlio César de Arruda havia assumido o cargo ainda no governo Bolsonaro. O novo líder do Exército do chefe supremo das Forças Armadas, Lula, é Tomás Miguel Ribeiro Paiva, que disse, na quarta: “…tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa. Tem que respeitar” – Leia o discurso do general, feito há três dias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu neste sábado (21/1) o general Júlio César de Arruda do cargo de comandante do Exército. O substituto será o atual o comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. Ele comandava a região desde 2021.

Antes de ser demitido, Arruda participou, nesta sexta-feira (20/1), de uma reunião no Palácio do Planalto com o chefe do Executivo, com o ministro da DefesaJosé Múcio Monteiro, e com os comandantes da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno.

Foi a primeira reunião com os comandantes das Forças Armadas depois de Lula defender punição para militares envolvidos nos atos golpistas do ‘8 de Janeiro’. Após o encontro, Múcio falou em “virar a página” dos atos golpistas, conforme lembrou o g1.

O ministro disse também não ver envolvimento “direto” das FA (Forças Armadas) nos ataques em Brasília e que os comandantes concordavam com a tomada de providências contra os militares eventualmente envolvidos nos atos.

Arruda havia assumido interinamente o comando do Exército em 30 de dezembro do ano passado, ainda no governo Jair Bolsonaro, após um acerto com a equipe de transição de Lula com a gestão anterior para que a troca do comando ocorresse antes da posse do novo governo. Ele foi confirmado no cargo por Múcio, no dia 6 de janeiro deste ano.

No Twitter, o âncora da CBN Brasília, Brunno Melo, afirmou que “há provas suficientes de queArrudaprotegeu os extremistas acampados na frente dos quartéis” e que “não podemos mais admitir qualquer traço de golpismo nas Forças Armadas“.

Em entrevista à jornalista Natuza Nery, da GloboNews, na última quarta-feira (18/1), Lula disse que os serviços de inteligência das FA e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) falharam e não o alertaram da possibilidade de ataques golpistas. Além da crítica, o chefe supremo das Forças Armadas disse na entrevista que era necessário “não politizar” as instituições militares.

O novo comandante do Exército, Tomás Miguel Ribeiro Paiva, é paulista e atuou em misssão do Exército Brasileiro no Haiti e foi Comandante da Força de Pacificação da Operação Arcanjo VI, no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio de janeiro (RJ), em 2012. Também foi ajudante de Ordens do Presidente da República e Assessor Militar do Brasil junto ao Exército do Equador. O general também chefiou o Gabinete do Comandante do Exército, em Brasília, e comandou a 5ª Divisão de Exército, em Curitiba (PR).

Ribeiro Paiva também tem passagens como subalterno e comandante de companhia de fuzileiros no 7º Batalhão de Infantaria Blindado, em Santa Maria (RS), no 26° Batalhão de Infantaria Paraquedista, no Rio de Janeiro (RJ), e no 33° Batalhão de Infantaria Motorizado, em Cascavel (PR). Foi instrutor do Curso de Infantaria da Academia Militar das Agulhas Negras, Subcomandante da Companhia de Precursores Paraquedista.

Em 2019, Ribeiro Paiva assumiu o posto de general de Exército, o mais alto da carreira militar. Na época, passou a integrar o Alto Comando do Exército, órgão colegiado onde são discutidos temas da Política Militar Terrestre e assuntos de interesse do comandante do Exército.

Respeito a LULA

Na quarta-feira (18/1), ainda na condição de comandante militar do Sudeste, Tomás Miguel Ribeiro Paiva fez um discurso incisivo em defesa do resultado eleitoral que levou Lula à Presidência da República.

Em cerimônia que homenageou os militares mortos no Haiti, Ribeiro Paiva disse que o Brasil enfrenta um “terremoto político” que está “tentando matar a coesão, hierarquia, disciplina e profissionalismo” do Exército e que afeta o “respeito e o orgulho que temos de vestir essa farda”.

Ser militar é ser profissional, respeitar a hierarquia e a disciplina. É ser coeso, íntegro, ter espírito de corpo e defender a pátria. É ser uma instituição de Estado, apolítica e apartidária. Não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito”, afirmou Paiva (assista no vídeo abaixo), conforme transcrição de sua fala, feita pelo jornalista do Metrópoles, Guilherme Amado.

O novo comandante do Exército no governo Lula disse, ainda como comandante do Sudeste, que é papel dos militares defenderam a democracia, e que o regime político pressupõe “liberdade, garantias individuais, políticas e públicas”.

Também é o regime do povo. Alternância de poder. É o voto, e quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa. Tem que respeitar. É essa a convicção que a gente tem que ter, mesmo que a gente não goste. Nem sempre a gente gosta, nem sempre é o que a gente queria. Não interessa. Esse é o papel da instituição de Estado, da instituição que respeita os valores da pátria. Somos Estado”, afirmou.

Ribeiro Paiva disse que militares não podem aderir a correntes políticas. “Isso não significa que o cara não seja um cidadão, que o cara não possa expressar seu direito de ter uma opinião. Ele pode ter, mas não pode manifestar. Ele pode ouvir muita coisa, muita gente falando para ele fazer isso ou aquilo, mas ele fará o que é correto, mesmo que o correto seja impopular”.

O general declarou ainda que o “terremoto político” é consequência de um “ambiente virtual que não tem freio e que todos nós, hoje, somos escravos (…) Para o excesso de informação, só tem um remédio, um antídoto. É mais informação. É se informar com qualidade e buscar fontes fidedignas”.

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2 comentários em “Lula troca comandante bolsonarista do Exército por general que mandou tropas respeitarem urnas (vídeo)”

  1. Jozimar Ferreira

    Nosso país o Brasil tem um corpo de aguerridos e excelentes militares, àqueles que sabem do seu papel institucional,fazendo um grosso paralelo, como uma pessoa que não é graduado médico(a) vai poder clinicar e até fazer cirurgias complexas se não tem a aptidão ou competência par tanto?Assim como o médico que nada entende de tática, estratégica e do operacional de combate vai ser um comandante das forças armadas?Portanto é bom que seja tudo bem explícito e que temos um grande país para governar. Não penso em sermos invadidos por forças militares que vivem de olho nas nossas riquezas e os nossos defensores as forças armadas envolvidas e ocupadas com a política e outros afazeres e se deixem capturar.Sou brasileiro,tenho parentes que foram militares e aprendi com eles a amar o Exército a Marinha e Aeronáutica e as forças militares como Guardiões incorruptíveis do Brasil.

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