LULA pede vacina para todos, após África sofrer com discriminação e falta de solidariedade

O ex-presidente LULA, durante discurso na União Europeia e, ao fundo, uma seringa e uma ampola de imunizante contra a covid-19 em frente à bandeira da África do Sul, onde surgiu a variante Omicron do coronavírus / Imagem de DADO RUVIC (REUTERS) | Sobreposição de Imagens


PROGRESSISTAS POR UM BRASIL SOBERANO

Os países africanos foram uma vez mais discriminados. Já não se trata apenas de falta de solidariedade. Trata-se de agir contra a ciência e contra a humanidade”, escreveu o ex-presidente LULA em seu perfil oficial do Twitter, antes de pedir “#VacinaParaTodosJá

LULA compartilhou link de artigo publicado no jornal O Globo em que escritores africanos apontam a discriminação europeia contra a África, no tema relacionado à descoberta da nova variante do coronavírus, a B.1.1.529, que mais tarde foi renomeada pela OMS como Omicron.

Veja abaixo e leia mais a seguir:

 Duas pandemias?  

Texto ‘O Egoísmo‘, escrito por Mia Couto [Antonio Emílio Leite Couto – escritor e biólogo moçambicano] e José Eduardo Agualusa [jornalista, escritor e editor angolano de ascendência portuguesa e brasileira], publicado na coluna do Afonso Borges, neste domingo (28/11), questiona no início: “Duas pandemias?

Os escritores argumentam que “ao invés de um aplauso para “cientistas sul-africanos“, que “foram capazes de detetar e sequenciar uma nova variante do SARS Cov 2“, divulgando “no mesmo instante”, “de forma transparente a sua descoberta”, “o país [África do Sul] foi castigado“.

Junto com a África do Sul, os países vizinhos foram igualmente penalizados. Em vez de se oferecer para trabalhar juntos com os africanos, os governos europeus viraram costas e fecharam-se sobre os seus próprios assuntos“.

Neste dia, a Europa interditou os voos de ida e volta para países africanos, que relataram, sim, casos de infeção, mas com zero internamentos e zero mortes. E em contrapartida, a maioria dos países europeus enfrentava uma dramática onda de novas infeções. 

Leia os principais trechos da matéria:

Não se fecham fronteiras, fecham-se pessoas. Fecham-se economias, sociedades, caminhos para o progresso. A penalização que agora somos sujeitos vai agravar o terrível empobrecimento que os cidadãos destes países estão sendo sujeitos devido ao isolamento imposto pela pandemia.

Mais uma vez, a ciência ficou refém da política. Uma vez mais, o medo toldou a razão.  Uma vez mais, o egoísmo prevaleceu. A falta de solidariedade já estava presente (e aceite com naturalidade) na chocante desigualdade na distribuição das vacinas.

Enquanto, a Europa discute a quarta e quinta dose, a grande maioria dos africanos não beneficiou de uma simples dose. Países africanos, como o Botswana, que pagaram pelas vacinas verificaram, com espanto, que essas vacinas foram desviadas para as nações mais ricas.

O continente europeu que se proclama o berço da ciência esqueceu-se dos mais básicos princípios científicos. Sem se ter prova da origem geográfica desta variante e sem nenhuma prova da sua verdadeira gravidade, os governos europeus impuseram restrições imediatas na circulação de pessoas.

Os governos fizeram o mais fácil e o menos eficaz: ergueram muros para criar uma falsa ilusão de proteção. Era previsível que novas variantes surgissem dentro e fora dos muros erguidos pela Europa. Só que não há dentro nem fora.

Os vírus sofrem mutações sem distinção geográfica. Pode haver dois sentimentos de justiça. Mas não há duas pandemias.

Os países africanos foram uma vez mais discriminados.

As implicações económicas e sociais destas recentes medidas são fáceis de imaginar.

Mas a África Austral está longe, demasiado longe. Já não se trata apenas de falta de solidariedade.

Trata-se de agir contra a ciência e contra a humanidade”.

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