Jinpimg lê carta de Lula, que assume moralmente o Brasil e se desculpa por Bolsonaro

Após ‘esbarrões’ sem pedido de desculpas do governo brasileiro com a China, Lula assumiu o papel de tutor moral do povo e enviou ao líder da República Popular, Xi Jinping, uma carta em que pede desculpas pelo comportamento do filho de Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, pelo silêncio do presidente e bem como por sua submissão aos EUA.

A carta de Lula, que foi entregue à embaixada da China em Brasília na sexta (20) e chegou a Xi Jinping neste domingo (22), expõe a crise diplomática criada pelo terceiro filho do presidente quando ele culpou o país asiático pela pandemia do coronavírus. Imediatamente, Yang Wanming, embaixador chinês no Brasil, acusou o deputado de estar repetindo a estratégia americana em atacar a China e aconselhou o Eduardo a não fazer isso “sob a pena de tropeçar feio”.

Sabendo disso, o atrapalhado chanceler Ernesto Araújo exigiu que o embaixador se retratasse, acreditando estar no caminho mais sensato da situação, o que provou que sua falta de visão é falha. E diante de todos os fatos, Lula previu a amplificação do atrito e tomou uma atitude: escreveu para Xi Jinping.

Em nome da amizade entre os povos do Brasil e da China, cultivada por sucessivos governos dos dois países ao longo de quase cinco décadas, venho repudiar a inaceitável agressão feita a seu grande país por um deputado que vem a ser filho do atual presidente da República do Brasil“, escreveu Lula.

Tal atitude, ofensiva e leviana, contraria frontalmente os sentimentos de respeito e admiração do povo brasileiro pela China“, continuou o ex-presidente brasileiro. “Creio expressar o sentimento de uma Nação, que tive a responsabilidade de presidir por dois mandatos, ao pedir desculpas ao povo e ao governo da China pelo comportamento deplorável daquele deputado“, afirmou.

Lamento, entretanto, que o atual governo brasileiro não tenha feito ainda esse gesto pelos canais diplomáticos e por meio do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, que deveria ter sido o primeiro a tomar tal atitude“, escreveu na carta, apontando para o Congresso.

Seu silêncio envergonha o Brasil e comprova a estreiteza de uma visão de mundo que despreza a verdade, a Ciência, a convivência entre os povos e a própria democracia“, disse.

Lamento especialmente que esta agressão tenha ocorrido na conjuntura de um contencioso comercial entre a China e os Estados Unidos, país ao qual a política externa brasileira vem sendo submetida de maneira servil por este governo“, disse Lula sobre a grerra comercial entre EUA e China. “Bolsonaro rebaixa as relações do Brasil com países amigos e se rebaixa como reles bajulador do presidente Donald Trump“, apontou.

Depois, Lula parabenizou a China pelos avanços na luta contra o covid-19: “Recentemente, expressei minha solidariedade ao povo e ao governo da China no enfrentamento ao coronavírus. Recebo agora a notícia de que os esforços admiráveis nesse combate resultaram na interrupção, pelo segundo dia consecutivo, da transmissão do vírus em seu país. Parabéns por esta vitória e sigam lutando“, disse.

LEIA A ÍNTEGRA DA CARTA:

São Bernardo, Brasil,
20 de março de 2020

“Caro presidente Xi Jinping,

Em nome da amizade entre os povos do Brasil e da China, cultivada por sucessivos governos dos dois países ao longo de quase cinco décadas, venho repudiar a inaceitável agressão feita a seu grande país por um deputado que vem a ser filho do atual presidente da República do Brasil.

Tal atitude, ofensiva e leviana, contraria frontalmente os sentimentos de respeito e admiração do povo brasileiro pela China. Creio expressar o sentimento de uma Nação, que tive a responsabilidade de presidir por dois mandatos, ao pedir desculpas ao povo e ao governo da China pelo comportamento deplorável daquele deputado.

Como é de seu conhecimento, setores expressivos da sociedade brasileira condenaram aquela agressão, incluindo os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal do Brasil.

Lamento, entretanto, que o atual governo brasileiro não tenha feito ainda esse gesto pelos canais diplomáticos e por meio do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, que deveria ter sido o primeiro a tomar tal atitude. Seu silêncio envergonha o Brasil e comprova a estreiteza de uma visão de mundo que despreza a verdade, a Ciência, a convivência entre os povos e a própria democracia.

Lamento especialmente que esta agressão tenha ocorrido na conjuntura de um contencioso comercial entre a China e os Estados Unidos, país ao qual a política externa brasileira vem sendo submetida de maneira servil por este governo. Bolsonaro rebaixa as relações do Brasil com países amigos e se rebaixa como reles bajulador do presidente Donald Trump.

Este governo passará, sem ter estado à altura do Brasil, mas nada poderá apagar os laços de amizade e cooperação que vimos construindo desde 1974, quando o então presidente Ernesto Geisel restabeleceu as relações entre o Brasil e a República Popular da China.

Praticamente todos os presidentes brasileiros, desde então, fortaleceram nossa relação nos mais diversos campos. Recordo que, ainda em 1988, o presidente José Sarney assinou os acordos para a construção do satélite sino-brasileiro, que viria a ser lançado no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em 1994, os presidentes Itamar Franco e Jiang Zemin estabeleceram a Parceria Estratégica Brasil e China, que tem frutificado em benefício mútuo. Desde 2009 a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em meu governo, o Brasil reconheceu a China como economia de mercado e construímos juntos os BRICS, inaugurando um novo capítulo na ordem mundial.

Recentemente, expressei minha solidariedade ao povo e ao governo da China no enfrentamento ao coronavírus. Recebo agora a notícia de que os esforços admiráveis nesse combate resultaram na interrupção, pelo segundo dia consecutivo, da transmissão do vírus em seu país. Parabéns por esta vitória e sigam lutando.

Esta é a verdadeira imagem da China que nós, brasileiros e brasileiras, aprendemos a admirar, numa convivência de mútuo respeito. Um país com o qual desejamos manter e aprofundar as melhores relações de amizade e cooperação, inclusive no combate à grave pandemia que também nos atinge.

Receba minha saudação respeitosa e fraterna, que se estende a todo o povo chinês,

Luiz Inácio Lula da Silva

Carta Lula-Xi Jinping

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3 comentários em “Jinpimg lê carta de Lula, que assume moralmente o Brasil e se desculpa por Bolsonaro”

  1. lula condenado

    que porra de fanfic é essa? transforma logo em novelinha de netflix que ao menos lá alguém vai assistir

  2. maria nilba dos santos paiva

    Lula, Lula, como sinto orgulho do nosso País. Bom seria se tivesse um governante (presidente), com uma visão de gestão, na qual, o respeito, a solidariedade, a ética, a governabilidade tivesse respaldado na credibilidade e dignidade que o governo possa passar as instituições. Mas você, com muita humildade fez, por nós Brasileiros. Gratidão pelo muito que representa o povo brasileiro menos favorecido. E a mim em particular.

  3. Therezinha de Carvalho Alves

    Parabéns.
    Lula e o estabelecimento de uma relação que estava sendo construída com a Brics, como uma nação forte, coesa e solidária.
    O mundo, nessa crise mundial com pandemia de coronavírus, precisa de homens como o ex-presidente que, apesar de todas as humilhações das quais foi vitimado, dá agora um exemplo de dignidade e solidariedade para a construção da paz tão fortemente ameaçada pelos governos de Trump e seus aliados.
    Que o povo chinês, tão sofrido na passagem desta pandemia, possa voltar a ser uma nação forte que vence todos os obstáculos e dá exemplos de ajuda aos que precisam e a construção da paz tão esperada pela humanidade.

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