Gestão Bolsonaro poderá entrar para a História como a Gestão do Suicídio Coletivo
27/03/2020Não é a primeira vez que eu ouço/leio pessoas falando que a política não influencia na vida delas. Seja economicamente, seja na saúde. Para descaracterizar isso, resolvi escrever um pouco sobre a influência política e como políticos como Jair Bolsonaro tendem a criar um suicídio coletivo.
Jair Bolsonaro, presidente da República

Explicarei de forma bem resumida cada termo (embora o textão não parecerá um resumo). Peço desculpas pelo “textão” e eu confesso que preferiria responder apenas com um “claro que tem relação entre saúde e política e não é o cúmulo da ignorância” e só. Mas aí eu não seria sensata, apenas estaria confrontando o diálogo duelístico e eu não sou assim. Com um pouco de paciência, entenderão a lógica do processo.
Tudo o que nos rodeia, em um sistema político, resume a jogos de interesses e poder. Política, entre inúmeras definições “modernas” (e friso modernas porque distorce um pouco do termo de origem grega, embora mantenha muita coisa de origem), significa o poder do homem sobre o homem. A política não é a única forma do homem exercer o poder sobre o outro, existindo o poder econômico e ideológico (que não vou me alongar nisso, embora também exerçam influência sobre a saúde do indivíduo baseado no poder que o outro exerce sobre ele).
O poder político tem três características que o define: Exclusividade, Universalidade e Inclusividade. Não vou explicar os três para não alongar muito o texto (que já não está curto), mas todos eles exercem interesses tais que organizam o meio de vida da Pólis (do Estado-Nação) ou das micro pólis (que podem ser Estados, Cidades ou, ainda, pequenos grupos que estão inseridos na Pólis e coordenam um conjunto de atividades). É sobre a Inclusividade que vou perder algumas linhas.
Por definição, Inclusividade é a possibilidade de intervir, de modo imperativo, em todas as esferas possíveis de atividades de membros do grupo e de encaminhar tais atividades aos fins desejados ou de desviá-las de um fim não desejado.
Pois bem, isto explicado, quando alguém afirma que a saúde de qualquer indivíduo não “faria parte do contexto político”, eu diria que não se, e somente se, os problemas de saúde que surgissem em nossos corpos fossem autocuráveis. Não somos assim…
Platão já definiu que a política sem antropologia é impensável, ou seja, o ser humano é político por natureza. Pra ele, é o que dá sentido e vitalidade à alma humana. E, ainda para ele, o homem é uma micro pólis.
Pois bem, sabendo que nossas doenças não são autocuráveis e entendendo que micro pólis também define grupos ou “coletivos” representados por parcelas da sociedade, então, passo a destacar que a medicina é uma dessas micro polis que tem relação com a Inclusividade (política) já que a doença do homem não é autocurável e a própria vida é finita. O médico exerce poder sobre o indivíduo: seja no conhecimento (ideológico) seja nas leis que determinam a conduta médica (designadas na Contituição Federal, logo, política). Então, poderes políticos dos líderes escolhidos (pela maioria do povo que o representa) influenciam direta ou indiretamente em sua saúde, já que são eles a criarem, aprovarem ou desaprovarem projetos de leis que vai determinar, entre outras áreas e entre outras coisas, a conduta médica.
A saúde não se resume apenas às definições biológicas de um corpo humano quando te ensinam biologia na escola ou no curso de medicina na universidade, mais que isso, a saúde está associada ao modo como fatores internos e externos tendem a equilibrar, inclusive psicologicamente no ambiente que este indivíduo está inserido. Entenda fatores externos e internos como tudo o que acontece fora do corpo (socialmente) e dentro do corpo que leva a um desgaste interno (emocionalmente), alterando o equilíbrio e fazendo com que o mecanismo biológico sofra alterações.
Se o sujeito que conduz a nação não é honesto para com o seu povo, escondendo informações que podem ser nocivas à saúde desse povo, ele tende a agravar os fatos. Não apenas pela ação endêmica/pandêmica do tal vírus, em questão, mas pela omissão de informações técnicas e tranquilizantes. Se no momento de aflição coletiva ele pede para não haver “histeria” a um ataque viral (de um corpo invisível) que não se tem a cura e tem levado à morte uma parcela que ainda há pouco encontrava saudável e forte é agir de forma totalmente alheia ao modo de ação do vírus. A forma como a virulência age para que um corpo, mesmo saudável (ou mesmo que vulnerável, mas com um prazo maior de vida) venha a óbito é surreal. É de causar pânico e histeria, sim, se medidas de isolamento total atreladas às medidas socioeconômicas provenientes do Estado num momento emergencial, não funcionarem como lenitivos e garantia de “conforto” momentâneo.
E é esse um dos motivos que não tem como não associar a saúde à política. Estresse, indignação, ansiedade são fatores que ele está causando ao próprio povo que além de enfrentar algo que não se vê, ainda tem que lutar para manter a razão e pressão corporal em ordem.
Essa postura dele faz parte da característica política – “Inclusividade” – quando ele faz o fatídico pronunciamento, atrapalhando o corpo técnico e desinformando a população. Um pronunciamento altamente egoísta em que o discurso se baseou no “eu” e não no “nós”. Um discurso que representa o “próprio nicho”, a “própria bolha” e não a realidade da maioria das pessoas que vivem no ambiente que está sob o comando dele. E, pior que isso, quando o representante da nação pede para o seu povo sair às ruas em tempo de pandemia, ele pede para que a nação se “autoelimine”, se “suicide”… Então, ele não resolve o problema da vida das pessoas, pelo contrário, ele incita o suicídio coletivo. Porque o desejo (e objetivo) dele é reduzir pessoas que hoje dão gastos aos cofres públicos: os idosos.
Por isso, não tem como excluir a política da saúde. E por isso não tem como não boicotar aqueles que compactuam da mesma ideia insana dele.
por Adriana Farias em seu Facebook

Quando os pequenos grupos de Seres Humanos deixaram de ser nômades caçadores e coletores, assentaram-se e formaram as primeiras Sociedades Agro-Pastoris, surgiu, quase que de imediato, a necessidade um grupo que administrasse os interesses comuns — que sempre foram Educação, Saúde, Segurança e promoção da Economia.
De lá, até hoje e sempre, isso é Política — qualquer coisa diferente é ‘qualquer coisa’, menos Política.
Um grupo de administradores que não promove aqueles tópicos, é parasita e deve ser extirpado.
O “Y” da questão está no entendimento disso pelo povo — que vê nas ações do Estado, ‘favores’.
Trump é a praga que assola a humanidade, é a besta apocalíptica com seu seguidor, o poodle Bolsonaro.
Acompanho diariamente o progresso da Pandemia desde que está chegou na Itália pelo conhecimento do idioma dos meus antepassados e por ter visitado aquele país em 98 à convite de Trento. Acompanho o dia a dia daquele pais diariamente por jornais TV e redes sociais. Na medida do possível mantive informado meus amigos aqui sobre a alarmante situação e me sinto até um pouco responsável agora por não ser mais enfático e direto sobre os riscos que corriamos dada, a estreita ligação entre nossos países. No momento já deviam ter atingido o ápice da curva de contágio e começar a decrescer os números mas não acontece como esperado numa projeção informal de ontem estimasse que o numero de infectados que nao desenvolveram os sintomas na Itália seja de aprox. 250 mil contra 62 mil positivos. Bizzarramente Bolsonaro ao invés de aprender com os erros da Lombardia parece seguir uma receita de bolo para reproduzir tudo aqui logicamente que potencializado 3X mais pelo menos devido aos sucessivos cortes de verba do nosso sistema. Por gostar de história tinha certeza que o resultado da última eleição ia representar um verdadeiro genocídio para o país mas não imaginei que todos nós assistiriamos tão passivamente essa verdadeira loucura de Bolsonaro e seus ministros bizarros ser levada a cabo como estamos vendo tão descaradamente. Se há realmente uma carta póstuma que pode invalidar o resultado das eleiçoes tem que aparecer agora e pouparnos ao menos em parte do sofrimento que se aproxima.