Tuíte feito com “tristeza e coragem” mencionou a “histórica colaboração entre o autor e a Folha de S. Paulo“
“É com tristeza e coragem que a família e os amigos de Angeli comunicam o fim, por questões de saúde, da histórica colaboração entre o autor e a Folha de S. Paulo“, diz o texto do perfil no microblog Twitter de Arnaldo Angeli Filho, um dos principais chargistas do Brasil.
De acordo com a Folha, o cartunista de 65 anos recebeu um diagnóstico de afasia, a mesma doença neurodegenerativa que forçou o ator americano Bruce Willis a dar uma pausa em sua carreira, coincidentemente anunciada no fim do mês anterior.
A doença é uma disfunção de linguagem que pode envolver deficiência na compreensão ou expressão de palavras ou equivalentes não verbais de palavras e é resultante de distúrbios no córtex cerebral e gânglios da base, ou das vias de substância branca que os conectam, prejudicando a comunicação de modo progressivo, incapacitando o paciente de se expressar. No caso de Angeli, a carreira de 50 anos será interrompida.
Angeli criou, nos anos 1980, o personagem punk mal-humorado Bob Cuspe, que surgiu na onda sequencial do movimento iniciado na década de 70, e que acabou virando, em novembro do ano passado, o longa “Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente“.
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O cartunista também criou a personagem de histórias em quadrinhos humorísticas, Rê Bordosa, que abrilhantou as páginas da extinta revista Chiclete com Banana. No ano de 1995, a peça “Rê Bordosa, o Ocaso de uma Doida“, escrita por Angeli e Betty Erthal, estreou no teatro. No ano seguinte, a peça ganhou o Troféu HQ Mix de “melhor adaptação para outro veículo“. Em 1997, um novo roteiro de teatro para a personagem foi desenvolvido: “Rê Bordosa, Vida e Morte de uma Porralôca“, de Mário Prata. A personagem coestrelou o longa de animação “Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll, dividindo a cena com Wood & Stock – também personagens do chargista, com Rita Lee dublando sua voz.
Ela, uma quarentona alcoólatra, ninfomaníaca, desbocada e sem bom senso, fez tanto sucesso que Angeli resolveu “matá-la“. Em 2008, o curta “Dossiê Rê Bordosa“, produzido com bonecos de massinha e stop motion, procura desvendar o mistério em torno da morte da personagem mais famosa do autor. A produção ganhou Menção Honrosa no É Tudo Verdade 2008, Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora no Cine-PE 2008, Melhor Filme de Curta Metragem pelo Júri, Público e Crítica no I Festival de Cinema de Paulínia; Melhor Curta Metragem e Melhor Animação Brasileira no Anima Mundi – RJ e SP 2008, Melhor Montagem em Curta metragem nacional e Melhor Roteiro em Curta metragem nacional no Festival de Gramado.
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Em 2015, a Folha de S. Paulo produziu o especial “Angeli – 40 anos de Folha“, em que postou algumas das primeiras charges da contribuição do cartunista ao jornal.
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Com tanto lixo sobre a face da Terra…