DILMA: Do golpe 2016 ao reconhecimento para o comando do Banco do BRICS e nova residência em Xangai

Em assembleia realizada nesta sexta-feira (24/3), Dilma foi eleita por unanimidade para presidir o NDB, cujo site descreve a ex-presidente como promotora internacional do “respeito à soberania de todas as nações e a defesa do multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, dos direitos humanos e da paz” – Leia a íntegra conforme traduzido do site da instituição

Em 15 de julho de 2014, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, o Primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, a Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, o Presidente da China, Xi Jinping, e o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma | Kremlin.ru/news/22676 – Gabinete de Imprensa e Informação Presidencial | Ao fundo, imagem aérea de 28 de setembro de 2021 mostra o edifício-sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) em Xangai, leste da China (Xinhua/Fang Zhe) | Sobreposição de imagens URBSMAGNA

A ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff (PT) irá comandar o NDB (Novo Banco do Desenvolvimento), criado durante seu governo, em 2014, pelos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o bloco de países de mercado emergente em relação ao seu desenvolvimento econômico.

Em 15 de julho de 2014, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, o Primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, a Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, o Presidente da China, Xi Jinping, e o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma | Kremlin.ru/news/22676

O reconhecimento chega sete anos após ela ter sido afastada da Presidência por um “golpe branco” parlamentar, político, financeiro e judiciário, sob o disfarce de um impeachment, que quebrou a institucionalidade democrática e ameaçou direitos e conquistas desde o período de redemocratização pós-ditadura com a Constituição de 1988, conforme descrevem os 104 autores do livro ‘A Resistência ao Golpe de 2016‘, entre eles juristas, acadêmicos, cientistas políticos, líderes sociais, artistas, economistas, jornalistas, organizado por nomes importantes, como Carol Proner.

No dia 29, durante a viagem do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao país liderado por Xi Jinping, Dilma Vana Rousseff tomará posse em seu mais novo cargo no Banco que tem por objetivo dar apoio a projetos públicos ou privados por meio de empréstimos, garantias, participações acionárias e outros instrumentos financeiros, além da cooperação com organizações internacionais e outras entidades financeiras e do fornecimento de de assistência técnica para projetos a serem apoiados pela instituição financeira.

A primeira mulher a se tornar presidente do Brasil passará a morar e a despachar a partir de um novo e moderno edifício, inaugurado em 2021, após ser construído para abrigar a sede do NDB, em Xangai – cidade centro financeiro global. Dilma Rousseff trabalhará num gabinete com vista para a metrópole e receberá remuneração no mesmo patamar de outros bancos multilaterais, conforme executivos da instituição.

imagem aérea de 28 de setembro de 2021 mostra o edifício-sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) em Xangai, leste da China (Xinhua/Fang Zhe)

A nova presidente do NDB deve ganhar cerca de US$ 500 mil (R$ 2,6 milhões) por ano e passará a ter assistência médica, auxílio viagem para o país de origem, subsídios para mudança em caso de contratação e desligamento, e transporte aéreo. O banco também oferece assistência educacional aos empregados. Em Xangai, cargos de chefia têm salário mínimo de US$ 188 mil por ano, como base.

O conselho de governadores do banco, formado pelos ministros da Fazenda dos países fundadores do NDB, mais os representantes dos quatro novos integrantes (Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Uruguai), se reuniu por videoconferência e votou por unanimidade a indicação de Dilma em reunião interna. A ex-presidente era candidata única, escolhida por Lula, e ficará no cargo até julho de 2025, lembra uma matéria no UOL.

Dilma substituirá o diplomata e economista Marcos Troyjo, ex-integrante da equipe do ex-ministro da EconomiaPaulo Guedes. Ele foi o primeiro brasileiro a comandar o NDB, tendo recebido a presidência de um indiano. O mandato é rotativo. A saída de Troyjo ocorreu de comum acordo com o governo Lula. Nos bastidores, a justificativa foi uma divergência de visões sobre os objetivos do BRICS e de posição política. A visita de Lula a Xangai tem como principal objetivo participar da posse de Dilma no banco dos BRICS.

O banco do BRICS foi criado após reunião de cúpula dos chefes de Estado, realizada em Fortaleza, em 2014, durante o mandato de Dilma como presidente. Uma das intenções era ampliar fontes de empréstimos e fazer um contraponto ao sistema financeiro e instituições multilaterais como o FMI (Fundo Monetário Internacional). Atualmente, a carteira de investimentos é da ordem de US$ 33 bilhões.

Durante mandato de Troyjo, o banco ampliou os financiamentos para o Brasil, que estava entre os menos contemplados nos primeiros anos de funcionamento, inaugurou escritórios em São Paulo e na Índia e deu início ao processo de expansão, com entrada de quatro países como sócios. Mais quatro negociam adesão. Os cinco fundadores completaram o pagamento das cotas do capital inicial de US$ 10 bilhões.

Os financiamentos focam em projetos de infraestrutura e sustentabilidade. O Brasil ficou com US$ 621 milhões de 2015, quando começou a operar, até 2019. Desde então, a participação nos empréstimos saltou para US$ 5,4 bilhões.

No site oficial do NDB, o nome de Dilma Rousseff já aparece como o de presidente da instituição. Um texto descreve a ex-presidente como “economista eleita Presidente da República Federativa do Brasil por dois mandatos consecutivos” (Leia a íntegra após a imagem abaixo). 

Print da página principal do portal do NDB | Reprodução

“Anteriormente, nos dois primeiros governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Roisseff foi ministra de Minas e Energia e ministra-chefe da Casa Civil, cargo que ocupou até 2010. Nesse período, presidiu o Conselho de Administração da Petrobras, a maior e mais importante empresa do Brasil, prossegue o texto.

Como presidente do Brasil, Dilma Rousseff concentrou sua agenda em garantir a estabilidade econômica do país e a geração de empregos. Além disso, durante seu governo, o combate à pobreza foi priorizado e os programas sociais iniciados na gestão do presidente Lula da Silva foram ampliados e reconhecidos internacionalmente. Como resultado de um dos mais amplos processos de redução da pobreza da história do país, o Brasil foi retirado do Mapa da Fome da ONU.

Internacionalmente, promoveu o respeito à soberania de todas as nações e a defesa do multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, dos direitos humanos e da paz. Sob seu governo, o Brasil esteve presente em todos os fóruns internacionais de proteção do clima e do meio ambiente, culminando com participação decisiva na consecução do Acordo de Paris.

Dilma Rousseff ampliou significativamente a cooperação com vários países da América Latina, África, Oriente Médio e Ásia. Em julho de 2014, participou com os países do BRICS na criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas ¹. A Presidente do NDB é a chefe da equipe operacional do Banco, conduzindo, sob a direção dos Diretores, os negócios ordinários do NDB.

O Novo Banco de Desenvolvimento foi estabelecido com o objetivo de mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos BRICS e outras economias de mercado emergentes e países em desenvolvimento, complementando os esforços de instituições financeiras multilaterais e regionais para o crescimento e desenvolvimento global. Em 2021, o NDB iniciou a expansão de membros e admitiu Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai como seus novos países membros.

¹Arranjo Contingente de Reservas ( CRA ) do BRICS é uma estrutura para o fornecimento de apoio por meio de liquidez e instrumentos de precaução em resposta a pressões reais ou potenciais de curto prazo no balanço de pagamentos. Isso inclui questões cambiais em que as moedas nacionais dos membros estão sendo afetadas adversamente por pressões financeiras globais. Foi criado em 2015 pelos países do BRICS. A base legal é formada pelo Tratado para o Estabelecimento de um Arranjo Contingente de Reservas do BRICS , assinado em Fortaleza, Brasil, em 15 de julho de 2014. Entrou em vigor após a ratificação por todos os países do BRICS, anunciada na 7ª Cúpula. em julho de 2015.

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