Defesa diz que fala de Barroso é ‘irresponsável’ e ‘ofensa grave’

O ministro disse que as Forças Armadas realizam ataques ao sistema eleitoral orientados por Bolsonaro

O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, disse em nota, neste domingo (24/4) que a fala do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, sobre as Forças Armadas serem orientadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) a realizar ataques contra o sistema eleitoral é “irresponsável” e “ofensa grave“.

Direto do “Brazil Summit Europe 2022“, na Alemanha, Barroso não citou Bolsonaro nominalmente, mas deixou implícito que ele quer levar as Forças Armadas ao “varejo da política“, o que seria uma “tragédia” para a democracia.

Desfile de tanques é um episódio com intenção intimidatória“, afirmou Barroso, conforme transcrição feita pelo jornal O Globo. “Ataques totalmente infundados e fraudulentos ao processo eleitoral. Desde 1996 não tem nenhum episódio de fraude“.

Eleições totalmente limpas, seguras. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar”, prosseguiu.

Gentilmente convidadas para participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo“, disse o ministro, lembrando que no ano passado, em meio à pressão de Bolsonaro, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que era presidido por Barroso, convidou representantes das três forças para participarem do processo de fiscalização das urnas.

“Um fenômeno que em alguma medida é preocupante, mas que até aqui não tem ocorrido, mas é preciso estar atento é o esforço de politização das Forças Armadas“, destacou.

Esse é um risco real para a democracia e aqui gostaria de dizer que, eu que fui um crítico severo do regime militar, militante contra a ditadura, nesses 33 anos de democracia, se teve uma instituição de onde não veio noticia ruim foi as Forças Armadas. Gosto de trabalhar com fatos e de fazer justiça“, disse o ministro.

“Tenho a firme expectativa que as FFAA não se deixem seduzir por esse esforço de jogá-las nesse universo indesejável para as instituições de estado que é o universo da fogueira das paixões políticas”, prosseguiu em seu discurso.

Até agora o profissionalismo e o respeito à Constituição tem prevalecido. Mas não se deve passar despercebido que militares profissionais e admirados e respeitadores da Constituição foram afastados, como o general Santos Cruz, general Maynard Santa Rosa, o próprio general Fernando Azevedo. Os três comandantes da Força todos foram afastados. Não é comum isso, nunca tinha acontecido“, lembra.

A NOTA DO MINISTÉRIO DA DEFESA:

O Ministério da Defesa repudia qualquer ilação ou insinuação, sem provas, de que elas teriam recebido suposta orientação para efetuar ações contrárias aos princípios da democracia. Afirmar que as Forças Armadas foram orientadas a atacar o sistema eleitoral, ainda mais sem a apresentação de qualquer prova ou evidência de quem orientou ou como isso aconteceu, é irresponsável e constitui-se em ofensa grave a essas instituições nacionais permanentes do Estado brasileiro. Além disso, afeta a ética, a harmonia e o respeito entre as instituições“.

As Forças Armadas apresentaram propostas “colaborativas, plausíveis e exequíveis“, diz o ministro da Defesa sobre participação na Comissão de Transparência das Eleições, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A nota afirma ainda que as propostas dos militares são “calcadas em acurado estudo técnico realizado por uma equipe de especialistas, para aprimorar a segurança e a transparência do sistema eleitoral“. O que foi proposto ainda está sob análise do TSE, disse o ministro. “As eleições são questão de soberania e segurança nacional, portanto, do interesse de todos“, afirmou.

Mas, apesar da nota da Defesa, os ataques do presidente Jair Bolsonaro são reais e “têm os propósitos de mobilizar os apoiadores mais radicais e de lançar dúvidas sobre as urnas eletrônicas“, conforme escreve o repórter Vinicius Sassine, na Folha de São Paulo.

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