Com Lula no páreo e Bolsonaro cercado, Folha quase diz que “vai dar PT” em 2022

O jornal confirma que o ex-presidente está jogo contra Bolsonaro e destaca o enfraquecimento de nomes alternativos rivais que disputam o espaço, apesar de argumentar que o atual presidente poderá se beneficiar dessa polarização explorando o antipetismo

A argumentação sobre a real possibilidade da candidatura de Lula, após o STF confirmar anulação de suas condenações e, com isso, manter a tendência de favorito para as eleições de 2022, está na Folha de S. Paulo desta quinta (15). Contudo, o jornal diz que há espaço para mudanças e fala sobre “alguma percepção de que [Lula] não será favorito na corrida” por meio de “alguma mudança jurídica inaudita neste momento”, como escreve o jornalista Igor Gielow.

Mesmo assim, a redação da matéria tem como pano de fundo, sem contudo demostrar em palavras, a grande chance que o PT tem de retornar ao Planalto na próxima disputa presidencial. Especialmente porque, como afirmou recentemente FHC, “é difícil ganhar do Lula”.

“O que está colocado é Lula, ou sua presença com liberdade de campanha, na disputa de 2022”, diz Gielow acrescentando que “é boa notícia para Bolsonaro devido ao antipetismo que se mostrou bastante vivo na eleição municipal de 2020”.

Mas, a situação de Bolsonaro não é das melhores. O presidente, segundo o jornalista, “está sob um cerco muito mais coordenado neste momento” e age com uma irritação que só aumenta à medida em que se forma a “tempestade da CPI da Covid e o imbróglio da aprovação de um Orçamento que equivale à confissão de culpa de crimes fiscais”.

“Bolsonaro [está] na parede, mesmo depois de ter obtido a suposta carta de alforria de impeachments do centrão”, diz o jornalista.

Além disso, há a “crise militar (…) que ainda causa abalos secundários razoáveis toda a vez que [Bolsonaro] (…) abre a boca para falar de fardados”.

Quando Bolsonaro fala para “meia dúzia de papagaios de alambrado no Alvorada”, diz o jornalista, ele instiga o povo, à espera de alguma “sinalização” para agir, “seja lá o que for e com qual sentido”.

Muito provavelmente contra os Poderes, movido por sua “confissão de incompetência no trato da pandemia, ao jogar a culpa para estados e municípios”, mas “o Congresso não parece disposto a comprar a balela, muito menos os militares”, escreve o colunista da Folha.

Ele afirma que, mesmo Bolsonaro estando cercado, tais incertezas podem favorecê-lo contra Lula. Gielow põe “a persistência do antipetismo” na balança com o “antibolsonarismo” e diz que “é uma força tão formidável”, “(…) mas talvez com escopo menos amplo, [que] tende a crescer entre mais pobres e conservadores com a piora na economia”.

Por fim, o jornalista afirma que “a colocação de um projeto claro de alternativa ganha agora uma janela de oportunidade mais clara, se quiser de fato ter um rosto para apresentar em 2022”.

Projeto quem tem e sempre teve foi o PT, a conferir em sua própria história. E neste sentido faltou dizer, e ficou engasgado aquilo que a Folha jamais dirá apesar de admitir em seu âmago, o óbvio: “vai dar PT”.

Comente

Comente

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Descubra mais sobre

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading