“O Brasil é disparado a maior taxa real de juros do mundo. Então, a economia está sendo asfixiada. O comércio está sendo asfixiado em seu financiamento. Nós estamos com uma crise de crédito”, afirmou o ministro da Casa Civil
“O Brasil é disparado a maior taxa real de juros do mundo. Então, a economia está sendo asfixiada. O comércio está sendo asfixiado em seu financiamento. Nós estamos com uma crise de crédito”, afirmou o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA), nesta quarta-feira (22/3), durante café da manhã com jornalistas.
“Acho que não é explicável essa posição do Banco Central de ficar irredutível a uma taxa tão exorbitante de juros. Ou o mundo inteiro está errado e só o Banco Central Brasileiro está certo”, prosseguiu.
“O que o presidente do Banco Central está fazendo é um desserviço à nação brasileira”, disse ainda sobre Roberto Campos Neto e a taxa Selic em 13,75% enquanto a inflação cai.
“A taxa passou a vigorar quando a inflação estava acima de 10,5% anuais. Hoje, temos um quadro de inflação descendente, em torno de 5,5%, e o BC mantém a mesma dose do remédio“, prosseguiu o ministro.
“O economista Stiglitz, que está no Brasil, eu vi uma entrevista em que ele coloca algo muito relevante. Ele diz: ‘toda vez que se fala em instituição pública independente, inclusive o Banco Central, a gente tem que se perguntar: independente de quem e do que?”, questionou, citando o prêmio Nobel de Economia.
“Ele disse que nos países que adotam isso – independência -, é levado à sério essa palavra. É independente do governo de plantão, mas é independente do mercado financeiro. Quem adota isso, nos lugares que adota, é proibido sair da direção de um grande banco e exercer a diretoria do Banco Central”, prosseguiu o ministro.
“Em geral, a gente vê com naturalidade que o diretor ou o presidente de um grande banco saia da diretoria e vá para o BC, que vai regular e fiscalizar o banco”, completou.
“Cabe” uma proposta legislativa para mudar o regime de indicações para a diretoria do BC, disse Costa, para quem há uma incongruência na Legislação que permite a nomeação de ex-diretores de instituições privadas, mas veda a indicação de políticos.
O ministro, no entanto, disse que a discussão deve ser primeiro feita pela sociedade e pelo Congresso.
“Alguém sai de uma função pública, oito anos como governador, vem ocupar a direção de uma estatal — ‘isso não pode’, ‘isso é influência negativa’. Agora, alguém sair da direção de um órgão privado, vai para o órgão que vai fiscalizar esse órgão privado, sem nenhum intervalo, nem de um dia às vezes, – não tem quarentena –, aí todo mundo acha normal”, disse o ministro.
“Isso não tem normalidade. Ele é independente do governo, mas é ligado a quem ele deveria fiscalizar. Isso não é natural. Isso não é correto”, argumentou.