Ex-ministro é perigoso concorrente e o presidente quer desmoralizá-lo com a suspeição através de ‘seu novo ministro na Corte’
Segundo Merval Pereira, colunista do Globo, o presidente Jair Bolsonaro escolheu Kassio Nunes para substituir o ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), e votar contra seu desafeto e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, no caso do habeas corpus da defesa de Lula pedindo a suspeição do então juiz federal da Lava Jato.
A votação está empatada na Corte, aguardando a opinião do decano Celso de Mello, que se aposenta no dia 13 deste mês, mas que não deve mais opinar sobre o assunto deixando para seu substituto fazê-lo.
Segundo o colunista, Bolsonaro quer desmoralizar seu ex-aliado, responsável por sua eleição e hoje inimigo, tornando-o suspeito, através de seu indicado ao cargo vitalício do Supremo, envergonhando-o publicamente para excluí-lo de vez do cenário de 2022.
Merval Pereira ataca Bolsonaro, assim como reza a cartilha da Globo, mas peca ao falar das injustiças sofridas por Lula e o PT como se fossem verdadeiras, mesmo com a justiça já tendo anulado muitos processos do ex-presidente e de outros membros do partido. Como sempre, os cães selvagens que defendem os interesses da emissora são tendenciosos ao levar a informação a seu público.
Leia Merval sobre Bolsonaro, Kassio e Moro, após a supressão de parte exageradamente golpista de seu texto:
“Como sempre, o que Bolsonaro mira é sua reeleição, e acabar com a Operação Lava-Jato significa para ele um trunfo eleitoral, pois teoricamente apagaria a memória do ex-juiz Sérgio Moro, que Bolsonaro considera um concorrente perigoso em 2022.
Por isso também o presidente está interessado em desmoralizá-lo através da sua condenação na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) como juiz parcial no julgamento do ex-presidente Lula no caso do triplex. Pode, no entanto, estar dando um tiro no pé ao empenhar seu escolhido para a vaga no Supremo em uma ação pessoal contra Moro.
A fixação de Bolsonaro em seu antigo auxiliar é tamanha que, ao ser questionado sobre a escolha do desembargador Kassio Marques para o STF, respondeu irritado: “Você queria que colocasse lá o Moro?”. Acabar com a Lava-Jato seria acabar com as investigações sobre corrupção, uma maneira simples de acabar com a corrupção, que continuaria escondida como sempre aconteceu no Brasil.
Une Bolsonaro e alguns ministros do Supremo a idéia de que aniquilar a imagem de Moro como justiceiro fará com que a Justiça brasileira volte a seu curso normal, com o Supremo sendo o último bastião de defesa do devido processo legal. Boa parte do Supremo, porém, considera que o “garantismo” que critica a Lava-Jato quer, na verdade, ter o controle dos processos de políticos, blindando-os da Justiça de Curitiba.
Esses juízes chamados “consequencialistas”, ou “punitivistas” consideram, como o ministro Luis Roberto Barroso já disse, que o sistema de Justiça criminal no Brasil foi feito para não funcionar, protegendo os privilegiados. O que os ministros “garantistas” consideram excessos da Lava-Jato, os que a defendem acham que são medidas necessárias para evitar que fiquem impunes os privilegiados”.