Bolsonaro é investigado por delegada da PF linha dura e especialista em terrorismo

POLÍTICA / JUSTIÇA

Et Urbs Magna – Christiane Corrêa Machado é o nome da delegada responsável pelo inquérito sobre as acusações que atingem Bolsonaro, feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, na ocasião de seu pedido de demissão da pasta. Ela atuou por anos no combate ao terrorismo e agora comanda a investigação que tem como principal alvo o chefe do Executivo, conforme publicou a Folha de São Paulo no final da noite de ontem, domingo (14).

Sergio Moro acusou Bolsonaro de querer interferir na Polícia Federal para blindar amigos e filhos.

Christiane coordena um grupo de policiais que atua perante o Supremo e investiga autoridades com foro privilegiado. De acordo com a publicação da Folha de São Paulo, ela chegou ao cargo em agosto de 2019 e dias antes de sua nomeação Bolsonaro tentou demitir o então superintendente do Rio, Ricardo Saadi, e chegou a tentar emplacar alguém de sua confiança. O episódio é um dos objetos do inquérito.

Entre colegas, a chefe é descrita como discreta, linha dura e séria, não se deixa levar por pressões internas e externas, o que é valorizado no setor especialmente porque desde que Sergio Moro deixou o governo, a PF se vê em risco de ser acusada de abafar eventuais crimes cometidos pelo presidente da República, de um lado, ou de agir em represália às interferências no órgão.

Há 17 anos na PF, Christiane já foi número dois da diretoria de inteligência da corporação, o que na visão de colegas é uma experiência importante para o inquérito em questão.

Entre os pontos em apuração estão justamente reclamações de Bolsonaro de não ter tido acesso a relatórios de inteligência da PF. Como responsável pelo inquérito que ainda deve causar mais desgaste ao presidente, Christiane participou de apenas algumas das oitivas, como a do ex-juiz da Lava Jato, que também está na condição de investigado.

Ela esteve ainda acompanhando o depoimento de Cláudio Ferreira Gomes, ex-diretor de Inteligência da Polícia Federal, e, coincidentemente, um dos responsáveis por indicá-la ao cargo. Antes de assumir a empreitada atual, Christiane foi chefe da divisão antiterrorismo por cinco anos e coordenou a proteção a ataques terroristas na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio.

A delegada também atuou por três anos na área de contrainteligência da PF, que visa evitar sabotagens ou vazamentos de investigações. Nesta área, participou de duas operações delicadas, que envolveram juízes e impactaram o Poder Judiciário, responsável por fiscalizar o trabalho da PF.

A primeira foi em 2003, quando ajudou a desarticular um esquema de venda de sentenças que envolvia um magistrado e integrantes da Polícia Federal. O caso foi batizado como Operação Anaconda.

Quatro anos depois, ela integrou a equipe que desencadeou a Operação Hurricane, que prendeu três juízes e membros do Ministério Público em um esquema de caça-níqueis. Em 2017, foi morar nos Estados Unidos, onde ficou por dois anos e fez mestrado no Colégio Interamericano de Defesa, ligado à OEA (Organização dos Estados Americanos).

A delegada ficou no país até julho de 2019, um mês e meio antes de assumir o Sinq, que é o grupo de inquéritos especiais. O departamento é subordinado à Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor), comandada por Igor Romário de Paula.

Um dos principais delegados da Lava Jato, ele chegou ao cargo após Sergio Moro assumir o Ministério da Justiça, em janeiro de 2019, e indicar Maurício Valeixo para ser o diretor-geral da PF. Christiane substituiu o delegado Cleyber Malta Lopes, que foi um dos responsáveis pelo inquérito que levou ao indiciamento do ex-presidente Michel Temer na investigação sobre a edição de uma medida provisória sobre portos.

Caso conclua que Bolsonaro cometeu crimes, Christiane terá de decidir se indicia o presidente ou se apenas redige um relatório final apontando os supostos delitos praticados. A delegada terá de fazer uma análise jurídica sobre os limites dos poderes da PF.

O braço direito de Christiane no Sinq é o delegado Felipe Leal. Doutorando em Direito, já foi chefe da contrainteligência da PF e está na corporação há 15 anos. Os outros três delegados que participam do inquérito são Fabiano Martins, Bernardo Amaral e Wedson Cajé Lopes.​

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