Com 120 dias, Bolsonaro ainda não entendeu o cargo que ocupa
Não é possível cobrar resultados ainda; um mínimo de compostura, sim
Bolsonaro completa 120 dias de governo. Um tempo curtíssimo para qualquer cobrança de resultados —menos de 10% do mandato—, mas suficiente para a constatação do misto de despreparo com condutas equivocadas que ganhou abrigo no Palácio do Planalto.
Cem por cento das fichas foram apostadas em uma reforma propagandeada como a chegada à Atlântida e em um pacote de mudanças legislativas bancado pela Lava Jato. Contente com que os adultos cuidem disso, o presidente junta-se aos amiguinhos alucinados e vai brincar na sua Disneylândia particular.
Lá, nesse mundo fantástico de gurus improváveis e vilões imaginários, penas voam para todo lado, a toda hora, em um desabrochar de sentimentos inspirados na rainha Vitória ou na rainha Maria.

Seria muito engraçado, e às vezes é mesmo, não fosse o inconveniente de que ali se ruminam ideias que mais parecem saídas de um parque de diversões mal-assombrado.
Como o estímulo à homofobia e ao turismo sexual, prática que sobrevive em vários casos da asquerosa exploração de meninas do Norte e Nordeste. Turismo gay não, mas gringo de boa cepa vir pra cá catar mulher, aí o presidente curte —até porque no seu particular mundo neandertal mulheres não fazem turismo.
No comercial do Banco do Brasil tirado do ar, jovens, a maioria negros, alguns tatuados, dançam e tiram selfies sob uma narração feminina de sotaque nordestino. Se todos fossem homens brancos heterossexuais e o narrador tivesse sotaque paranaense, estaria ok?
Nesta segunda o presidente defendeu que “cidadãos de bem” que assassinem invasores de terras —mulheres e crianças geralmente integram esses movimentos— não sejam punidos. Uma outra declaração afetou ações do Banco do Brasil. Horas depois auxiliares disseram que era só brincadeira. O tempo ainda não permite cobrar resultados, mas é mais do que suficiente para que o presidente saia do playground e tenha um mínimo de compostura.
por Ranier Bragon para a Folha de São Paulo
CONTINUA ACHANDO QUE É UM ELEITO DE DEUS , UM CHEFE DE UM TRONO FICTÍCIO ALIMENTADO POR SEUS FICTÍCIOS PRÍNCIPES REGENTES MILICIANOS! UM HOSPÍCIO URGENTE PARA QUE ELES SE ENCONTREM COM SUAS VERDADEIRAS ESSÊNCIAS!!