Um “clima de articulação golpista ainda ronda as eleições 2022“, afirmou o ministro corregedor do TSE sobre o documento “inconstitucional” encontrado pela Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que está preso
O corregedor-geral eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, negou pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para retirar o caso da minuta do golpe de uma investigação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral. O documento é considerado “inconstitucional“.
O texto do documento encontrado pela Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que está preso, buscava instaurar estado de defesa na Corte e mudar o resultado das eleições de 2022.
A defesa de Bolsonaro pediu revisão da decisão, afirmando se tratar de documento “apócrifo” e ressaltou que o material não foi encontrado com o ex-presidente ou com Braga Netto – candidato a vice-presidente, junto com o primeiro chefe de Executivo a ser derrotado em tentativa de reeleição.
Ao negar o pedido, Gonçalves argumentou que o documento tem conexão com a investigação e negou que, nesse momento do processo, não seria mais possível apresentar provas novas, como alegou a defesa. O ministro afirmou ainda que um “clima de articulação golpista ainda ronda as eleições 2022“.
“Nessa reflexão, cabe constatar, não sem tristeza, que os resultados das eleições presidenciais de 2022, embora fruto legítimo e autêntico da vontade popular manifestada nas urnas, se tornaram alvo de ameaças severas. Passado o pleito, a diplomação e até a posse do novo presidente da República, atos desabridamente antidemocráticos e insidiosas conspirações tornaram-se episódios corriqueiros“, escreveu o ministro.
“São armas lamentáveis do golpismo dos que se recusam a aceitar a prevalência da soberania popular e que apostam na ruína das instituições para criar um mundo de caos onde esperam se impor pela força“, acrescentou.
Gonçalves também citou o plano golpista para gravar uma conversa com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, exposto à revista “Veja” pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES).
“Somam-se o plano para espionar e gravar sem autorização conversa do presidente do TSE, a ocultação de relatórios públicos que atestavam a lisura das eleições e o patrocínio partidário de ‘auditoria paralela’ e de outras aventuras processuais levianas, tudo para manter uma base social em permanente estado de antagonismo com a Justiça Eleitoral, sem qualquer razão plausível“, declarou.
